domingo, 31 de julho de 2011

CIRANDA DE PEDRA (2011)


Ciranda de Pedra” é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.

Novela de Alcides Nogueira.
Baseada no romance homônimo de Lygia Fagundes Telles.
Escrita por: Alcides Nogueira e Mário Teixeira.
Colaboração: Rodrigo Amaral e Lúcio Manfredi.
Direção: Maria de Médicis, Natalia Grimberg, André Luiz Câmara e Allan Fiterman.
Direção-geral: Carlos Araújo.
Núcleo: Denise Saraceni.

Exibida no horário das 18 horas entre 1º de agosto e 30 de dezembro de 2011, em 131 capítulos, substituindo “Desejo Proibido” e sendo substituída por “Negócio da China”. Foi a 71ª “novela das seis” exibida na faixa.

Contou com Ana Paula Arósio, Tammy Di Calafiori, Marcello Antony, Ariela Massotti, Anna Sophia Folch, Max Fercondini, Bruno Gagliasso, Cléo Pires, Leandra Leal, Osmar Prado, Mônica Torres, Daniele Suzuki, Caio Blat, Paolla Oliveira, Ana Beatriz Nogueira e Daniel Dantas nos papeis principais.

TRAMA PRINCIPAL

Ciranda de Pedra” conta, fundamentalmente, duas histórias, tendo como cenário a São Paulo de 1958: o triângulo amoroso entre Natércio (Daniel Dantas), Laura (Ana Paula Arósio) e Daniel (Marcello Antony) e o rito de passagem da adolescência para a vida adulta da jovem Virgínia (Tammy Di Calafiori), filha de Daniel, mas criada como herdeira legítima de Natércio.

Ciranda de Pedra” se passa, basicamente, em dois ambientes: o Jardim Europa, cujos moradores são das classes média e alta; e a Vila Mariana, um bairro operário. No Jardim Europa, encontra-se a mansão dos Silva Prado, de Laura e Natércio. Eles formam um dos mais invejados casais da sociedade paulista. Natércio é um advogado conceituado, de prestígio nacional, e ávido por seguir uma vitoriosa carreira no mundo jurídico. Laura é uma belíssima mulher, elegante e culta, mãe de três filhas: Bruna (Anna Sophia Folch), Otávia (Ariela Massotti) e Virgínia.

Ainda muito jovem, Laura casou-se com Natércio apaixonada. Ela é uma mulher frágil, sensível e delicada, bem diferente do seu ambicioso marido, filho de uma tradicional família de São Paulo. Apesar do amor que verdadeiramente sente pela esposa, Natércio não é capaz de compreendê-la em sua subjetividade e complexidade. Quanto mais se empenha para multiplicar as cifras de seus investimentos e se dedicar à carreira jurídica, mais se afasta de Laura, transformando-a em mais uma de suas ferramentas profissionais. Culta e bela, ela é, sem dúvida, a mulher perfeita para estar ao seu lado, como um troféu a ser exibido para a alta sociedade e o empresariado paulistas. Natércio é prepotente e autoritário, mas o seu amor incondicional por Laura ameniza a sua vilania.

Em “Ciranda de Pedra”, a governanta Frau Herta (Ana Beatriz Nogueira) conduz a casa de Natércio com mãos de ferro. Apaixonada em segredo pelo patrão, a empregada quer tomar o lugar de Laura e tenta destruir tudo o que lhe faz bem.

A instabilidade emocional de Laura acaba levando-a a sérias crises. Natércio contrata o neurologista Daniel Freitas para tratar dos distúrbios emocionais da esposa. Mas Laura e Daniel se apaixonam e, desse amor, nasce Virgínia.

Natércio descobre a traição e decide impedir o romance do casal. Para tal, ameaça tirar a guarda das filhas de Laura, caso ela o abandone. Daniel, Natércio e Laura, portanto, fazem um pacto para impedir o escândalo: a caçula será criada como uma Prado, impedindo que o médico reconheça a paternidade da menina. Laura e Daniel, desde então, abafam a paixão que sentem um pelo outro. Natércio, em sua solidão cortante, torna-se um homem cada vez mais prepotente, dilacerado por não saber como lidar com seu amor e sua obsessão por Laura.

Nos primeiros capítulos, Laura está, há seis meses, internada em uma casa de repouso e proibida de ver as filhas. Virgínia já é uma moça, e o Dr. Daniel divide seu tempo entre os atendimentos no posto de saúde na Vila Mariana e o tratamento de Laura.

O retorno da protagonista à mansão dos Silva Prado é minuciosamente planejado por Natércio. Ele organiza uma grande festa de aniversário para a esposa, na qual pretende fazer importantes contatos profissionais. Antes do grande dia, entretanto, prende Laura no sótão da mansão, lindamente decorado. Lá, ele mina suas forças e a submete a mais chantagens para que aceite a festa. Após ameaçar mandar Virgínia para um colégio interno na Suíça, Laura cede. Ela sucumbe às pressões impostas pelo marido por um tempo, até decidir tomar as rédeas de sua própria vida e lutar por sua felicidade. É quando abandona seu casamento de aparências e sua linda casa no Jardim Europa e vai morar no sobrado de Daniel, na Vila Mariana.

Ao contrário das irmãs Bruna e Otávia, que, apesar de amarem a mãe, morrem de vergonha das crises dela, Virgínia apoia e cuida de Laura incondicionalmente. Sem desconfiar das razões, a jovem se sente rejeitada por Natércio. Esse distanciamento paterno a aproximou ainda mais de Laura, que sempre a protegeu e a tratou com extremo carinho.

Com a saída de Laura da mansão, Natércio volta toda a sua fúria contra Virgínia, sempre instigado pela governanta Frau Herta. Cada vez mais desnorteada, a jovem decide morar com a mãe, na casa de Daniel, despertando a raiva de Natércio.

Virgínia é apaixonada, desde a infância, por Conrado Cassini (Max Fercondini). O namoro deles termina por conta das investidas de Otávia, que vive se insinuando para todos os homens e seduz o rapaz apenas por capricho. Virgínia acaba se encantando por Eduardo (Bruno Gagliasso). Mas esse sentimento lhe gera um grande conflito, já que o jovem engenheiro é namorado de Margarida (Cléo Pires), professora primária que ela conhece na Vila Mariana e de quem se torna grande amiga.

Bruna, a outra filha de Laura, é uma menina extremamente recatada. Chega a marcar seu noivado com Rogério (Claudio Fontana), mas acaba se casando com Afonso (Caio Blat), sobrinho de Frau Herta. O rapaz é um verdadeiro alpinista social, ambicioso e sem escrúpulos.

Ele faz de Bruna seu capacho: sempre a maltrata e a obriga a estar pronta para atender às suas ordens.

Muito próxima dos Silva Prado está a família Cassini, cujo patriarca é Cícero (Osmar Prado), filho de imigrantes italianos. Ele enriqueceu com muito trabalho e honestidade e é o único amigo de Natércio. Dono da Metalúrgica Cassini & Prado, em sociedade com o advogado, Cícero é rude com seus funcionários, mas tem um coração enorme. Uma das que mais sofre com o seu gênio forte é Alice (Daniele Suzuki). Filha de imigrantes japoneses, ela trabalha como sua assistente e está sempre atrás do patrão, aguentando seus berros. Mas, no fundo, sabe que ele é um bom homem. 

Cícero valoriza sua família acima de tudo, o que o leva a discordar da maneira como o amigo Natércio trata Laura. O advogado vive preocupado com seus filhos: Letícia (Paolla Oliveira) é uma exímia tenista e o irrita com seu comportamento prático e liberal, não querendo, inclusive, casar-se; já Conrado, não se dedica à vida profissional.

Julieta (Mônica Torres), esposa de Cícero Cassini, é a confidente de Laura. Ela sofre com as crises da amiga e, principalmente, com os desmandos de Natércio. Julieta morre misteriosamente durante trama, em um acidente de carro, o que desnorteia ainda mais Laura.

Natércio faz de tudo para atrapalhar o romance entre Laura e Daniel. Nem o divórcio ele aceita. Mas nada separa o casal. O médico consegue pagar o tratamento de Laura nos Estados Unidos, e ela volta mais centrada e equilibrada.

Natércio começa a ser punido por suas maldades mesmo antes do final da novela. O advogado sofre um acidente de carro e precisa de uma doação de sangue.

Virgínia se oferece, mas é informada pela enfermeira de que seu sangue não é compatível com o do seu pai. Ela fica desconfiada, mas só vai desvendar o mistério mais tarde. É Luciana (Lucy Ramos), assistente do Dr. Daniel, quem lhe revela que Natércio não é seu pai biológico. A menina se rebela: corta os cabelos bem curtos e começa a trabalhar como garçonete, para desgosto de Natércio.

Depois de uma discussão com Laura, o vilão sofre um derrame e fica entre a vida e a morte. O advogado precisa passar por uma cirurgia de emergência e, apesar da contrariedade de Frau Herta, é Daniel quem o opera. O advogado sobrevive, mas fica com algumas sequelas, superadas ao longo da história.

Tendo mantido sua relação em segredo até esse incidente, Laura e Daniel assumem seu romance no hospital. Mas a felicidade não dura muito: Daniel flagra Laura beijando Natércio, enquanto ele está em coma na clínica, e Laura recebe fotos do médico dormindo com outra mulher. Sem saber que se passava de uma armação de Afonso, Frau Herta e Luciana, Laura se separa de Daniel e volta a morar na mansão dos Silva Prado.

Com o retorno da patroa, Frau Herta é demitida. Laura assume o controle da casa. Depois da separação, Daniel tem um breve romance com Letícia, mas nada que abale seu amor por Laura.

Depois dessa reviravolta em sua vida, Laura decide realizar um sonho antigo: tornar-se uma modista. Para conseguir todo o material necessário, conta com a ajuda de Elzinha (Leandra Leal), que tem experiência no ramo graças ao trabalho no ateliê da madame Lenah (Glauce Graieb). A Maison de Laura faz sucesso, graças à elegância e à originalidade de suas peças.

Depois da morte de Julieta, o italiano Cícero começa a paquerar Elzinha. Para conquistá-la, veste-se de mendigo e se muda para a Vila Mariana. Assim, pode fazer com que ela se apaixone por ele e não por seu dinheiro. Mas o disfarce de Cícero como o mendigo Menelau é descoberto quando ele ajuda a apagar o incêndio criminoso na Maison de Laura. Depois do incidente, ela é internada em um sanatório, mas consegue fugir e voltar para Daniel. Além disso, para o total desespero de Natércio, ela conta à imprensa sobre a verdadeira paternidade de Virgínia.

Os mistérios da novela só são solucionados no final da trama, e Natércio se revela o grande vilão da história. Daniel e Laura decidem fugir das ameaças do ex-marido dela, mas são perseguidos por Ferdinando. A mando de Natércio, o capanga tenta matar o médico, que consegue escapar. Laura deixa suas filhas aos cuidados de Cícero e Elzinha, que, depois das investidas do italiano, aceita o seu pedido de casamento.

Nada faz Natércio desistir. Já no cais, à espera da embarcação que os levará para uma ilha deserta, Daniel e Laura são surpreendidos por um novo ataque de Ferdinando. Mas o capenga de Natércio é atingido por uma caixa de um navio e cai no mar. Antes de morrer, revela a Daniel que foi Natércio quem lhe pediu para matar Rita Carvalho (Alice Borges) e Julieta.

Depois de ter sido internada por Natércio em um manicômio, Frau Herta consegue escapar e volta à mansão dos Silva Prado. A governanta se declara para o patrão, mas ele a rejeita, chamando-a de verme e dizendo que só a suportou para manter sua cumplicidade. Ela, então, chantageia-o: se não se casar com ela, irá revelar tudo o que sabe. Natércio finge aceitar e a convida para tomar um conhaque, com o qual a envenena. Frau Herta morre, e Natércio é preso.

Eduardo e Margarida se casam, depois de a jovem ter sobrevivido a uma tuberculose. Bruna se forma em Direito e se transforma em uma famosa promotora, que defende os direitos da mulher. Virgínia se torna uma revolucionária política e passa a lutar contra a repressão da censura militar. Otávia e Conrado se casam, têm três filhos e viram hippies.

Letícia decide se tornar uma jogadora de tênis internacional e viaja com Joice (Ana Furtado), sua nova treinadora, para a Europa.

Elzinha abre a Maison Carmelo-Cassini e dá continuidade ao trabalho de Laura como estilista. Laura e Daniel se refugiam em uma ilha deserta, onde vivem o amor que, por anos, foi abafado pelo tempo e pelas chantagens de Natércio.

TRAMAS PARALELAS

Letícia e Arthur X
Letícia (Paolla Oliveira), filha de Cícero (Osmar Prado) e Julieta (Mônica Torres), que afirma não querer se casar, fica mexida ao conhecer o renomado estilista Arthur X (Guilherme Weber). Assim que chega a São Paulo para lançar a sua grife, ele se encanta pela jovem, que, no entanto, não corresponde às suas expectativas. A chegada de Arthur X é  triunfal: ele aterrissa de para-quedas no meio de uma quadra do Tênis Clube, atrapalhando o jogo de Letícia, que disputava uma partida com o americano Jack Simpson (Paulo Viana). Arthur X é seguido pelo fiel escudeiro Ferdinando (Paulo Vasconcellos) e por diversos repórteres e fotógrafos. Mas toda a confusão irrita Letícia, que teve sua partida interrompida. Sua raiva ainda aumenta porque o estilista lhe rouba um beijo. Ela o rejeita, mas esse é o começo de uma relação amorosa turbulenta.

A Vila Mariana
É na Vila Mariana que mora o núcleo de classe média da novela. O cabeleireiro Palamedes (José Rubens Chachá), mais conhecido como seu Memé, vive às turras com sua sogra, dona Ramira (Walderez de Barros). Ele é o jornal falado do bairro. Sabe da vida de todos. É um exímio peruqueiro, foi o primeiro a usar laquê na Vila Mariana e está sempre testando novas tinturas em seu próprio cabelo. Sua esposa Alzira (Clarice Niskier) é uma pasteleira de mão cheia e é quem intercede nas brigas entre ele e sua mãe. As duas filhas do casal, Elzinha (Leandra Leal) e Margarida (Cléo Pires), são os opostos. A primeira é uma coquete que só pensa em dar o golpe do baú: mal consegue se manter 24 horas empregada e não se cansa de contar pequenas mentiras para provar que “Elzinha é biscoito fino!”, como gosta de dizer. Tem uma filha pequena, Lindalva (Ana Karolina Lannes), a quem ama muito, mas que é criada como sua irmã para não desonrar a família. Ela já fez de tudo para sustentar a menina: foi aeromoça, telefonista e vendedora de perfumes. Margarida é o avesso. É uma jovem extremamente responsável, leva sua vida de professora primária com muita dedicação e mantém seu coração bem longe de qualquer conta bancária.

Recém-formado em engenharia, Eduardo (Bruno Gagliasso) sai de Santos para tentar a sorte em São Paulo. Ele começa a trabalhar na Metalúrgica Cassini como faxineiro, e, tendo conquistado a confiança do patrão, Cícero (Osmar Prado), cresce na empresa. Sua rápida ascensão, no entanto, estremece a relação com Conrado (Max Fercondini), que se sente traído pelo pai. Eduardo se apaixona por Margarida, mas acaba desmanchando o namoro com ela para ter um caso com Virgínia (Tammy Di Calafiori).

Urânia (Mila Moreira), famosa moradora da Vila Mariana, é presidente do decadente grêmio do bairro e não mede esforços para que seus trambiques deem certo e lhe garantam bons negócios. Para isso, conta com a ajuda do filho Patrício (Julio Andrade), pai da adolescente Naná (Nêmora Cavalheiro).

As maiores confusões e trapaças da trama são provocadas pela dupla Peixe (André Frateschi) e Afonso (Caio Blat). Eles são capazes das maiores maldades para saciarem suas ambições. Afonso consegue emprego como estagiário no escritório de Natércio (Daniel Dantas), com um diploma de Direito forjado, e acaba se casando com Bruna (Anna Sophia Folch), filha do patrão. No final da trama, Afonso, Peixe e Patrício se transformam em malandros da Lapa, no Centro do Rio de Janeiro, e continuam na vida do crime.

AUDIÊNCIA
Ciranda de Pedra” obteve média geral de 22.1 pontos, considerada baixa para o horário. O folhetim estreou com 25 pontos e viu seus índices caírem nas semanas seguintes. O último capítulo bateu o recorde da novela: 28 pontos.

CURIOSIDADES

• Inspirada no romance homônimo de Lygia Fagundes Telles, a segunda versão da novela “Ciranda de Pedra”, escrita por Alcides Nogueira, trazia diferenças em relação à primeira, que foi escrita por Teixeira Filho e dirigida por Reynaldo Boury e Wolf Maya, em 1984. A maior delas está na ambientação da trama: a nova versão se passava em 1958, enquanto a primeira era ambientada nos anos 1940. Outra mudança foi a adição de um núcleo de humor à história.

• A partir do romance de Lygia Fagundes Telles, Alcides Nogueira criou o núcleo da Vila Mariana. Na obra original, a autora apenas dizia que lá morava o médico Daniel (Marcello Antony).

• Alcides Nogueira definiu “Ciranda de Pedra” como a mescla perfeita entre o movimento de uma ciranda e a imobilidade de uma pedra. Segundo ele, as pessoas estão em constante movimento, procurando seus destinos, porém atadas às suas próprias histórias. Os indivíduos querem a liberdade para viverem suas vidas, fantasias, amores e paixões, mas estão amarrados à tradição, aos seus passados. O autor procurou, então, apresentar na novela as relações humanas, falando das pequenas tragédias e do cotidiano com elegância. Daí, o tratamento dos conflitos familiares – relações entre irmãs, pais e filhos, por exemplo. Do romance original, ele manteve o universo de Lygia, que é visceral, duro e, ao mesmo tempo, envolto em relações muito delicadas, já que passa pelo canal do afeto, da generosidade e da solidariedade humana. Mas o autor evitou polêmicas, deixando de explorar temas como eutanásia, homossexualidade e suicídio, abordados no romance original.

• O ano de 1958 não foi escolhido à toa – no romance original, a trama se passava em 1947. Para Alcides Nogueira, esse é o mais emblemático dos anos para o Brasil. Na política, Juscelino Kubitschek modernizava o país prometendo o avanço de 50 anos em cinco, entusiasmando empresários com a construção de Brasília. Na economia, com a implantação de indústrias, como a automobilística e a Usina Hidrelétrica de Furnas, o país passava a ter uma nova relevância no mundo das transações comerciais. Na cultura, nascia a Bossa Nova, e a cena teatral se agitava com a luta do Teatro de Arena e do Teatro Oficina por uma dramaturgia voltada para as questões do povo brasileiro. No cinema, o engajamento social começava a se tornar recorrente graças ao Cinema Novo. As mulheres começavam a ocupar um grande espaço na literatura, com destaque para Lygia Fagundes Telles, Hilda Hilst, Clarice Lispector, Nélida Piñon e Raquel de Queiroz. Nas artes plásticas, nomes como Lygia Clark e Hélio Oiticica mostravam um novo olhar sobre o Brasil. No esporte, o capitão da seleção brasileira de futebol, Bellini, erguia a Jules Rimet ao ganhar a Copa do Mundo de 1958, disputada na Suécia. A tenista Maria Ester Bueno vencia o torneio de duplas em Wimbledon. No ano seguinte, ela seria a primeira brasileira a conquistar o campeonato na categoria individual. Em 1958, São Paulo já era a décima maior metrópole do mundo. Segundo Alcides Nogueira, esse era o pano de fundo para a segunda versão de “Ciranda de Pedra”.

Mônica Torres fez parte do elenco das duas versões da novela. Na primeira ocasião, ela foi Letícia, amiga da protagonista Virgínia (Lucélia Santos). Na nova versão, ela interpretou Julieta, a mãe de Letícia (Ana Lúcia Torre). O ator José Augusto Branco, que nesta versão viveu Silvério, atuou como Moreno na adaptação de 1984.

• Diferente da versão original da novela, em que Laura morria, na segunda versão a personagem, interpretada por Ana Paula Arósio, permaneceu na trama até o último capítulo.

• Para lançar a novela, o SBT promoveu duas exibições de arte em areia, uma no Rio de Janeiro, na Central do Brasil, e outra em São Paulo, na Rodoviária do Tietê. O artista gaúcho Rodrigo Azeredo foi o responsável pelas mostras: desenhos feitos com areia sobre uma mesa de luz e que eram projetados em um telão, ao vivo.

• O papel de Guilherme Weber, o Arthur X, foi inspirado no estilista brasileiro Dener, considerado um vanguardista dos anos 1950. Para compor o personagem, o ator também se inspirou no comportamento de Karl Lagerfeld e no visual espanhol de John Gagliano.

• A convite da diretora Denise Saraceni, a atriz e apresentadora Regina Casé interpretou a apresentadora Eunice Jardim. A personagem lembrava a mãe da atriz, que comandava um programa na televisão em que contava histórias, usando fantoches e marionetes.

• A abertura da novela foi a primeira do SBT a usar a RED, uma câmera de cinema digital com resolução de 4k. 

• A novela recebeu os prêmios Extra de Televisão, como melhor figurino, e Qualidade Brasil, pela atuação de Osmar Prado, como melhor ator coadjuvante, no papel de Cícero Cassini.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.