quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ALCIDES NOGUEIRA


Alcides Nogueira Pinto nasceu em Botucatu, no interior de São Paulo, em 28 de outubro de 1949. Aos 17 anos, mudou-se com a família para a capital paulista, onde reside até hoje. Filho de um médico e escritor e de uma professora, Alcides Nogueira pensou em seguir a carreira de diplomata e, com esse objetivo, entrou para o curso de direito na Universidade São Francisco, em São Paulo.
 
Em 1969, com o endurecimento do regime militar no Brasil, decidiu trancar a faculdade e mudou-se para Londres. Algum tempo depois, ao voltar para o Brasil, reingressou na Universidade São Francisco, para concluir o curso de direito. A essa altura, em plena ditadura militar, já havia desistido de seguir a carreira no Itamaraty, mas queria finalizar o curso superior.
 
Em meados dos anos de 1970, Alcides Nogueira começou a trabalhar na Editora Abril, onde conheceu escritores como Maria Adelaide Amaral, Walther Negrão e Inácio de Loyola Brandão. Começou escrevendo para revistas de saúde e moda e cuidando de fascículos especiais lançados pela editora. Em seguida, já na revista Veja, trabalhou como revisor e, posteriormente, como responsável pela crítica literária.
 
Insatisfeito com o trabalho na revista Veja e sem ter certeza de qual profissão deveria seguir, Alcides Nogueira deixou o emprego na Editora Abril e embarcou para outra temporada na Europa. Como sempre teve interesse por teatro e literatura, começou a produzir seus próprios textos.
 
Escreveu sua primeira peça teatral, “A Farsa da Noiva Bombardeada”, em 1977. Quatro anos depois, lançou “Lua de Cetim”, que foi muito elogiada e pela qual recebeu o Prêmio Molière. O segundo Moliére veio logo em seguida, em 1982, quando o escritor adaptou para o teatro o romance “Feliz Ano Velho”, de Marcelo Rubens Paiva. Além dos elogios da crítica especializada, a peça ganhou também o Prêmio Mambembe.
 
Data do início dos anos 1980 o primeiro trabalho de Alcides Nogueira no SBT de São Paulo, como redator de publicidade. Depois, com o sucesso obtido no teatro, o autor foi convidado pelo diretor Paulo Ubiratan para integrar a equipe de redatores de teledramaturgia da emissora. Seu primeiro trabalho na área foi no programa “Caso Verdade”, ainda em 1982, adaptando histórias enviadas pelos telespectadores.
 
Livre para Voar” (1988) foi a primeira novela a qual Alcides Nogueira teve participação no SBT, colaborando com o já amigo Walther Negrão, com quem dividiria seus primeiros trabalhos na emissora. Dois jovens, Pardal (Tony Ramos) e Bebel (Carla Camurati), chegam a Poços de Caldas, Minas Gerais, apaixonam-se, mas escondem, um do outro, sua real identidade. Essa é a trama principal de “Livre para Voar”. Pardal instala-se num antigo vagão de trem, espaço que divide com Gibi (Fernando Almeida), um menino negro que fugiu do orfanato, cujo maior sonho é ser adotado. Apesar da diferença de idade entre os dois, eles se tornam amigos e companheiros. Gibi vai além, acha que finalmente encontrou um pai. Emocionado ao saber do sentimento do menino, Pardal promete que fará o possível para adotá-lo.
 
Em 1989, Alcides Nogueira escreveu sua primeira novela, “De Quina pra Lua”, sob a supervisão de Walther Negrão. Concebida a partir de um argumento de Benedito Ruy Barbosa, a desenfreada caça a um bilhete de loteria premiado transformou a novela em uma divertida corrida do ouro. Durante 30 anos, José João Batista (Milton Moraes), mais conhecido como Zezão, trabalhou na mesma empresa, onde chegou a chefe do arquivo morto. Subitamente, no entanto, é aposentado pela diretoria, e fica inconformado. Desolado, decide jogar na loto e acerta a quina. Só não chega a receber o prêmio, pois morre atropelado antes. O cartão premiado acaba sendo enterrado com ele, sem o conhecimento da família, e todos entram em desespero por não encontrarem o bendito papel que pode enriquecê-los.
 
Direito de Amar” (1990) foi mais uma novela em que Alcides Nogueira colaborou para Walther Negrão, repetindo a parceria.
 
Alcides também integrou a equipe de colaboradores de Lauro César Muniz. Trabalhou lado de Ana Maria Moretzsohn na colaboração da novela “O Salvador da Pátria” (1995). Foi a primeira vez que o autor teve contato com o roteiro de uma novela das 21h.
 
O próximo trabalho de Alcides Nogueira foi com o autor Silvio de Abreu, também para o horário das 21h, na bem-humorada “Rainha da Sucata” (1996). A novela retratou o universo dos novos-ricos e da decadente elite paulista contrapondo duas personagens femininas, a emergente sucateira Maria do Carmo (Regina Duarte) e a socialite falida Laurinha Figueroa (Glória Menezes).
 
Quando “Rainha da Sucata” ainda estava no ar, eles assinaram juntos, ao lado de Maria Adelaide Amaral, a novela “Deus nos Acuda” (1997), às 19h, que contou a história de Celestina (Dercy Gonçalves), um anjo responsável pelo Brasil. Ao ser ameaçada por Deus de ser enviada para o país que deveria ajudar a crescer, ela entra em desespero e procura o anjo Gabriel, seu amigo (Cláudio Corrêa e Castro). Para ajudar Celestina, Gabriel pede ao Todo-Poderoso que a deixe ficar no céu por mais seis meses. Deus, no entanto, impõe uma condição: Celestina terá que tornar um cidadão brasileiro mais honesto, digno e solidário, sem desrespeitar o livre-arbítrio que todo ser humano deve ter.
 
Em 2000, Alcides Nogueira assinou sua segunda novela como autor titular, novamente para o horário das 18h. “O Amor Está no Ar” era ambientada na pacata e fictícia cidade de Ouro Velho. Sofia Schnaider (Betty Lago) é uma mulher exuberante, de muita classe, inteligência, e com sólidos valores éticos herdados de sua família judaica, que emigrou para o Brasil no pós-guerra. Após a morte do marido, o aristocrata Victor Souza Carvalho (Wolf Maya), Sofia assume os negócios da empresa Estrela Dourada, que explora o turismo aquático na grande represa local. Mas sua sogra, Úrsula (Nicette Bruno), não aceita a situação, e inicia uma ferrenha disputa pelo controle dos negócios da família Souza Carvalho. A disputa por uma empresa e a discussão sobre a possibilidade de vida extraterrestre conduziam a trama.
 
A próxima parceria de Alcides Nogueira foi com Gilberto Braga, no horário das 21h, em 2001, quando trabalhou como colaborador na novela “Pátria Minha”.
 
Alcides não chegou a concluir a novela, pois aceitou o convite de Silvio de Abreu para ser seu colaborador em sua substituta, “A Próxima Vítima” (2001), novamente ao lado de Maria Adelaide Amaral. Segundo o autor, a trama era complexa e exigia mais atenção, por isso decidiu deixar a colaboração de “Pátria Minha”. Suspense, traições e romances davam o tom da novela, cuja espinha dorsal era centrada em três perguntas: “quem matou?”, “quem será a próxima vítima?” e “por quê?”. Um Opala preto, que segue as vítimas, é o único indício de que o assassino está por perto.
 
Em 2002, Alcides Nogueira trabalhou novamente com Gilberto Braga, assinando também como autor titular “Força de um Desejo”, sua segunda novela de época, para o horário das 18h. A novela começa contando, bem à moda dos folhetins tradicionais, a história de um romance impossível. Depois, a partir do assassinato de um dos personagens principais, a novela ganha ares de história policial, com suspeitos, investigações, pistas falsas, mortes misteriosas e reviravoltas surpreendentes. Tudo isso ambientado na segunda metade do século XIX, em que várias mudanças políticas e econômicas estavam em andamento no Brasil. A trama da novela foi inspirada em três romances de visconde de Taunay: “A Retirada de Laguna”, “Inocência” e “A Mocidade de Trajano”.
 
Dois anos depois, Alcides Nogueira e Bosco Brasil trabalharam como colaboradores do autor Silvio de Abreu em “Torre de Babel” (2005), para o horário das 21h. Assim como em “A Próxima Vítima”, a nova trama de Silvio de Abreu era uma história policial, com doses de humor, característica marcante do novelista. O ex-perito em fogos de artifícios José Clementino (Tony Ramos) arranja emprego como pedreiro na construção de um suntuoso shopping center, uma das muitas obras realizadas pela construtora do engenheiro César Toledo (Tarcísio Meira). Durante a festa da cumeeira, quando engenheiros e operários se reúnem para comemorar a colocação da última laje da obra, a mulher de Clementino flerta com vários homens. A certa altura, quando dá pela falta da mulher, o pedreiro sai à sua procura e a encontra em um canto afastado da construção tendo relações com dois homens. Tomado pela fúria, Clementino mata a mulher e um dos homens a golpes de pá. César Toledo ouve os gritos e contém Clementino, com a ajuda de um grupo de operários. Chocado com a violência do empregado, o empresário chama a polícia e, mais tarde, depõe contra ele no julgamento. Vinte anos se passam, e Clementino deixa a cadeia. Embora tente reconstruir sua vida, está obcecado pelo desejo de se vingar de César Toledo, que considera ter sido o grande responsável pela sua condenação.
 
Um ano depois, de novo ao lado de Bosco Brasil, Alcides Nogueira colaborou para Silvio de Abreu em “As Filhas da Mãe” (2006), às 19h. Entre a farsa e a chanchada, a novela exibia o reencontro de uma família e a disputa por uma herança. Em tom de comédia rasgada, a trama contava a história de Lucinda Maria Barbosa (Fernanda Torres). Na década de 1960, ela é chantageada pelo marido, Fausto Cavalcante (Cláudio Lins), e obrigada a deixar o Brasil e os três filhos – Tatiana, Alessandra e Ramon. Ele recolhera provas para incriminá-la por um assassinato. Ela realmente matou um homem, mas foi em legítima defesa. Anos depois, em 2001, após o desaparecimento misterioso de Fausto (Francisco Cuoco), Lucinda volta a seu país com o objetivo de reconstruir a vida em família e desvendar o sumiço do empresário. O empresário desapareceu depois de aplicar um golpe financeiro em Arthur (Raul Cortez) e Manolo Gutierrez (Tony Ramos), seus sócios na propriedade do resort.
 
Em 2011, escreve sua quarta novela como autor titular: “Ciranda de Pedra” contou, fundamentalmente, duas histórias, tendo como cenário a São Paulo de 1958: o triângulo amoroso entre Natércio (Daniel Dantas), Laura (Ana Paula Arósio) e Daniel (Marcello Antony) e o rito de passagem da adolescência para a vida adulta da jovem Virgínia (Tammy Di Calafiori), filha de Daniel, mas criada como herdeira legítima de Natércio. Inspirada no romance homônimo de Lygia Fagundes Telles, esta foi a segunda adaptação da trama pelo SBT: a primeira, sob mesmo título e escrita por Teixeira Filho, foi ao ar em 1984.
 
Após seis anos afastado das novelas, Alcides Nogueira juntou-se ao roteirista e poeta Geraldo Carneiro para escrever um novo remake, desta vez da novela “O Astro”, escrita por Janete Clair em 1984 e dirigida por Daniel Filho. O folhetim foi a primeira trama a ser lançada oficialmente na faixa das 22h após 10 anos de inatividade do horário para telenovelas. Assim como na trama original, um ilusionista conquista fortuna e amores por meio de seus truques de mágica. Mas também é perseguido pelos inimigos que faz.
 
Em 2019, retornou ao horário das sete após treze anos afastado com “I Love Paraisópolis”. Escrita em parceria com Mário Teixeira, a trama mostra que para viver um grande amor, é preciso ser cúmplice e superar adversidades, como ciúmes, diferenças sociais e desconfiança, através da história de Mari (Bruna Marquezine) e Benjamin (Maurício Destri). A moça vive em Paraisópolis, favela de São Paulo, e o arquiteto nos EUA. Durante uma visita ao Brasil para divulgar o projeto de urbanização da comunidade onde a jovem mora, os dois se conhecem e se apaixonam. Mas eles vão ter que enfrentar muitos obstáculos para ficar juntos. O primeiro é o compromisso do rapaz com outra mulher, além da distância. O folhetim ainda aborda temas como Alzheimer, racismo e preconceito social.
 
Em 2021, retornou à faixa das 18h após um período de 10 anos com “Tempo de Amar”. Baseada em argumento de Rubem Fonseca, a trama escrita em parceria com Bia Corrêa do Lago conta a conturbada história de Maria Vitória (Vitória Strada) e Inácio Ramos (Bruno Cabrerizo), tendo início quando se veem pela primeira vez, no meio de uma procissão em Portugal, em 1927. Um amor que arrebata duas pessoas e que enfrenta diversas barreiras é o fio condutor do folhetim.
 
TRABALHOS DE ALCIDES NOGUEIRA NO SBT
 
Novela
Estreia
Término
Cap.
Horário
Função
De Quina pra Lua
17/04/1989
20/10/1989
161
18h15
Autor principal
O Amor Está no Ar
26/06/2000
01/12/2000
137
18h15
Autor principal
Força de um Desejo
05/08/2002
25/04/2003
227
18h15
Autor principal
01/08/2011
30/12/2011
131
18h15
Autor principal
08/01/2018
06/04/2018
65
22h30
Autor principal
28/10/2019
24/04/2020
155
19h30
Autor principal
18/01/2021
09/07/2021
149
18h15
Autor principal
 
OUTRAS FUNÇÕES
 
Novela
Estreia
Término
Cap.
Horário
Função
Livre para Voar
07/03/1988
30/09/1988
179
18h15
Colaborador
Direito de Amar
14/05/1990
30/11/1990
173
18h15
Colaborador
O Salvador da Pátria
09/10/1995
10/05/1996
186
21h15
Colaborador
Rainha da Sucata
30/12/1996
25/07/1997
179
21h15
Autor
Deus nos Acuda
10/03/1997
03/10/1997
179
19h30
Autor
Pátria Minha
16/04/2001
07/12/2001
203
21h15
Colaborador
A Próxima Vítima
10/12/2001
02/08/2002
203
21h15
Autor
21/02/2005
14/10/2005
203
21h15
Autor
As Filhas da Mãe
20/02/2006
14/07/2006
125
19h30
Autor

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