Manoel
Carlos Gonçalves de Almeida, mais conhecido apenas como Manoel Carlos ou simplesmente Maneco
(São Paulo, 14 de março de 1933) é um escritor e autor de telenovelas
brasileiro. Seus trabalhos são conhecidos por retratar a sociedade carioca
contemporânea, principalmente no bairro do Leblon.
Manoel Carlos estreou no SBT em 1972, como
diretor-geral do “Fantástico”.
Permaneceu na função por três anos, e, nessa época, participou também do “SBT Gente”, um programa de entrevistas
comandado por Jô Soares. Em 1981,
com a experiência de mais de 150 adaptações para a televisão, transformou em
novela o romance “Maria Dusá”, de Lindolfo Rocha, sob o título de “Maria, Maria”. A primeira telenovela de
Manoel Carlos no SBT teve direção de Herval
Rossano, e envolveu as irmãs gêmeas Maria Alves e Maria Dusá (ambas
interpretadas por Nívea Maria) e o
tropeiro Ricardo Brandão (Cláudio
Cavalcanti). As irmãs não se conhecem e têm personalidades e posições
sociais muito distintas: Maria Alves, chamada de Mariazinha, é meiga e sincera;
Maria Dusá, rica e orgulhosa.
Em seguida, no ano seguinte, o autor adaptou o
romance “A Sucessora”, de Carolina Nabuco, que também foi
dirigida por Herval Rossano. Exibida
no horário das 18h. Ambientada no Rio de Janeiro dos anos 20, a inocente Marina
(Susana Vieira) se casa com o rico
viúvo Roberto Steen (Rubens de Falco),
proprietário de uma elegante mansão na Rua Paissandu, na Zona Sul do Rio de
Janeiro. Além das dificuldades para se adaptar ao luxo, ela convive com a
adoração do marido por Alice, sua primeira mulher. A governanta Juliana (Nathalia Timberg), apaixonada pelo
patrão, não deixa que a falecida seja esquecida e cria um clima sombrio na
casa.
Em 1986, teve a sua primeira experiência no
horário das 21h: convidado pelo autor Gilberto
Braga, dividiu a autoria – a partir do capítulo 57 – da premiada “Água Viva”. Ambientada no ensolarado Rio
de Janeiro, a trama trazia a disputa de dois irmãos pela mesma mulher. Miguel
Fragonard (Raul Cortez), casado com
Lucy (Tetê Medina) e pai de Sandra (Gloria Pires), é um cirurgião plástico
de sucesso que condena o estilo de vida do irmão, Nélson (Reginaldo Faria), um bon vivant que nunca trabalhou e vive de renda.
Após perder a mulher na explosão de uma lancha, o médico se apaixona por Lígia
(Betty Faria), sem saber de sua
relação com Nélson.
No ano seguinte, Manoel Carlos escreveu “Baila Comigo” (1988), sua primeira
novela com roteiro inteiramente original. Exibida no horário das 21h, a trama
teve grande repercussão junto ao público, sobretudo pela personagem Helena, a
primeira do autor, então vivida por Lilian
Lemmertz. Quinzinho e João Victor (ambos interpretados por Tony Ramos) são gêmeos idênticos que
não sabem da existência um do outro. Eles foram separados quando bebês. João
Victor foi criado pelo pai, Joaquim Gama (Raul
Cortez), e Quinzinho ficou com a mãe, Helena (Lilian Lemmertz). Os gêmeos idênticos, de temperamentos
completamente diferentes, acabam se aproximando por uma série de
pressentimentos que não conseguem explicar.
Em 1989, escreve mais uma novela para a faixa
das 21h: em “Sol de Verão”, Manoel
Carlos se firmou como cronista da classe média do Rio de Janeiro. Infeliz no
casamento, Rachel (Irene Ravache)
decide se separar do marido, o empresário Virgílio (Cécil Thiré). Disposta a dar uma virada em sua vida, ela se muda de
Petrópolis para a zona sul do Rio de Janeiro com a filha, Clara (Débora Bloch), passando a morar na casa
da mãe, Laura (Beatriz Segall), em
Ipanema. Ali ela se apaixona pelo charmoso, mas rude, Heitor (Jardel Filho), dono de uma oficina
mecânica. Ele mora com a irmã, Irene (Beatriz
Lyra), em um sobrado antigo, um dos principais cenários da novela.
Manoel Carlos afastou-se da novela, entretanto,
após a morte do ator Jardel Filho,
que interpretava o personagem principal da trama, o Heitor. Lauro César Muniz assumiu a história e
redigiu os 17 capítulos finais.
Seis anos depois, retorna ao SBT e escreve a
novela “Felicidade” (1995) para a
faixa das 18h, que foi uma livre adaptação da obra de Aníbal Machado e teve a primeira mulher a frente de uma direção
geral: Denise Saraceni. A novela
contou a história de Helena (Maitê
Proença). Os primeiros 30 capítulos se passam na fictícia Vila Feliz,
cidade no interior de Minas Gerais. Lá, durante um jogo do Brasil na Copa do
Mundo, o carioca Álvaro (Tony Ramos)
conhece Helena, a moça mais bonita da cidade, e os dois se apaixonam. No
entanto, ela acaba se casando com Mário (Herson
Capri), um engenheiro agrônomo que chega a Vila Feliz para instalar uma
escola agrícola. O casamento fracassa, e os dois se separam. Algum tempo
depois, Helena e Álvaro se reencontram, mas, dessa vez, ele é quem está
comprometido. Álvaro se casou com a rica e problemática Débora (Vivianne Pasmanter).
Em 1998 escreve “História de Amor”, que foi uma comemoração dos trinta anos de
carreira da atriz Regina Duarte, que
por sua vez recebeu a terceira Helena das novelas de Manoel Carlos, pela
primeira vez. A novela teve como eixo principal um triângulo amoroso. Helena,
apaixonada por Carlos Alberto (José
Mayer), tem como rival a ciumenta Paula (Carolina Ferraz), com quem o médico é casado. Nesta trama, uma
campanha sobre o câncer de mama foi promovida por meio da personagem Marta,
interpretada por Bia Nunes.
Escreveu
“Por Amor” (2004) que retomava o
tema do sacrifício que uma mãe é capaz de fazer pelos filhos. Por meio de mais
uma Helena, novamente interpretada por Regina
Duarte, o autor abordou a polêmica atitude de uma mãe que abre mão de seu
filho em nome da filha (Gabriela Duarte),
que perdera seu bebê horas depois do parto. Foi a partir de “Por Amor” que Manoel Carlos retornou à
faixa das 21h.
Em 2007, escreve “Laços de Família” que, como marca do autor, abordou o amor
incondicional de uma mãe pela filha e direcionava a crônica urbana desenvolvida
na novela. Temas universais foram discutidos, como as relações amorosas e
familiares, em especial as construídas entre pais e filhos, com doses
equilibradas de folhetim e realismo. O merchandising social usado na trama foi
a luta contra a leucemia, através da personagem de Carolina Dieckmann. A atriz Vera
Fischer interpretou a quinta Helena do autor.
Escreveu “Mulheres
Apaixonadas” (2009), um de seus maiores sucessos. O folhetim teve temas
fortes como lesbianismo, preconceito social e contra os idosos, celibato,
alcoolismo, violência doméstica, traição, câncer, romance entre mulheres mais
velhas e jovens rapazes, o tormento provocado pelo ciúme e outros. A sexta
Helena do autor foi interpretada pela atriz Christiane Torloni.
Em 2013 escreveu o sucesso “Páginas da Vida”. O folhetim trouxe a
sétima Helena do autor, e a terceira interpretada por Regina Duarte: uma médica forte e determinada que resolve cuidar de
uma criança portadora de síndrome de Down, rejeitada e abandonada pela avó, a
perversa Marta, interpretada brilhantemente por Lilia Cabral.
Estreou em 2016 sua 7ª novela às 21h: “Viver a Vida”, assim como suas tramas
anteriores, apresentou o mote da superação, voltando a associar entretenimento
com mensagens de esperança e crença em uma vida feliz, a despeito das
dificuldades e das tragédias pessoais. A novela trouxe uma Helena diferente das
anteriores criadas pelo autor: uma jovem negra, interpretada por Taís Araújo.
Maneco retornou ao horário das 21h em 2020 com
“Em Família”, anunciada por ele como
sua última novela. A trama apresenta duas vidas unidas pelo amor e pela
família, mas também por ciúme, culpa e inveja. O folhetim gira em torno da
história dos primos Laerte (Gabriel Braga Nunes) e Helena (Julia Lemmertz). Com três fases, indo dos anos 1980 até 2014, a
trama começa em Goiás e se desenrola vinte anos depois no Leblon, bairro da
zona sul do Rio de Janeiro, passando por Viena, na Áustria. A paixão entre os
primos começa na infância entre as cachoeiras da fictícia cidade de Esperança e
pelos corredores da casa de seus pais. As irmãs, Chica (Ana Beatriz Nogueira)
e Selma (Natália do Vale), são casadas com os irmãos Ramiro (Oscar Magrini) e
Itamar (Nelson Baskerville), respectivamente. Do casamento de Chica e Ramiro,
nasceu Clara (Giovanna Antonelli), Felipe (Thiago Mendonça) e Helena, uma garota livre e impulsiva. Já o casal
Selma e Itamar teve Laerte, um flautista talentoso.
HELENA E
PERSONAGENS MARCANTES
Uma característica marcante das tramas de
Manoel Carlos é o batismo de suas personagens principais com o nome de Helena. Segundo o autor, esta
preferência pelo nome não se deve a nenhuma Helena em especial; é apenas um
nome que lhe passa a imagem de mulher forte, decidida, como a Helena de “Troia”.
Somente em “Sol de Verão”, “A Sucessora”
e “Maria, Maria” o autor não incluiu
uma Helena em sua história.
As intérpretes: Lílian Lemmertz em “Baila
Comigo” (1988); Maitê Proença em
“Felicidade” (1995); Regina Duarte em “História de Amor” (1998), “Por
Amor” (2004) e “Páginas da Vida”
(2013); Vera Fischer em “Laços de Família” (2007); Christiane Torloni em “Mulheres Apaixonadas” (2009); Taís Araújo em “Viver a Vida” (2016); e Julia
Lemmertz em “Em Família” (2020).
Questionado sobre uma Helena especial em sua
carreira, Maneco diz que gostou de todas:
“Só a
Regina Duarte fez três. Eu também gostei muito da Helena vivida pela minha
queridíssima amiga, já morta, a Lílian Lemmertz, em ‘Baila Comigo’. Também me
lembro muito bem da Vera Fischer, em ‘Laços de Família’, e da Maitê Proença, em
1995, em ‘Felicidade’, além da minha querida Christiane Torloni, de ‘Mulheres
Apaixonadas’, a minha mulata Tais Araújo em ‘Viver a Vida’, em 2016. E a
derradeira, da Julia Lemmertz, em ‘Em Família’. Eu tenho Helenas muito boas. Dá
para gostar de todas.”
De igual forma, outra personagem feminina
recorrente é a da jovem ingrata e mimada, de feitio moralista. Os melhores
exemplos são: Joyce, interpretada por Carla
Marins em “História de Amor”;
Maria Eduarda, personagem de Gabriela
Duarte em “Por Amor”; a Camila
de Carolina Dieckmann, em “Laços de Família”; Marina, vivida por Paloma Duarte em “Mulheres Apaixonadas”; a Olívia de Ana Paula Arósio em “Páginas
da Vida”; Luciana, interpretada por Alinne
Moraes em “Viver a Vida”; e
Luiza, personagem de Bruna Marquezine
em “Em Família”.
Outros nomes constantes em seus trabalhos são
Marta, Eduarda, Luciana, Sandra, Marcos, Miguel, Gracinha, Ingrid, Onofre e Dr.
Moretti – este último, o médico que, segundo ele, salvou sua vida, além de Rita
de Cássia, sua santa de devoção.
TRABALHOS DE MANOEL CARLOS NO
SBT
Novela
|
Estreia
|
Término
|
Cap.
|
Horário
|
Função
|
Maria, Maria
|
20/07/1981
|
11/12/1981
|
125
|
18h15
|
Autor principal
|
A Sucessora
|
29/03/1982
|
20/08/1982
|
125
|
18h15
|
Autor principal
|
Baila Comigo
|
18/01/1988
|
22/07/1988
|
161
|
21h15
|
Autor principal
|
Sol de Verão
|
07/08/1989
|
12/01/1990
|
137
|
21h15
|
Autor principal
|
Felicidade
|
02/01/1995
|
25/08/1995
|
203
|
18h15
|
Autor principal
|
28/09/1998
|
28/05/1999
|
209
|
18h15
|
Autor principal
|
|
12/07/2004
|
18/02/2005
|
191
|
21h15
|
Autor principal
|
|
05/03/2007
|
02/11/2007
|
209
|
21h15
|
Autor principal
|
|
16/11/2009
|
09/07/2010
|
203
|
21h15
|
Autor principal
|
|
08/04/2013
|
29/11/2013
|
203
|
21h15
|
Autor principal
|
|
13/06/2016
|
10/02/2017
|
209
|
21h15
|
Autor principal
|
|
02/11/2020
|
21/05/2021
|
173
|
21h15
|
Autor principal
|
OUTRAS FUNÇÕES
Novela
|
Estreia
|
Término
|
Cap.
|
Horário
|
Função
|
Água Viva
|
22/12/1986
|
12/06/1987
|
149
|
21h15
|
Autor
|
REPRISES
Novela
|
Estreia
|
Término
|
Cap.
|
Horário
|
Função
|
18/04/2011
|
15/07/2011
|
65
|
15h15
|
Autor principal
|
|
11/03/2013
|
05/07/2013
|
101
|
15h15
|
Autor principal
|
|
02/01/2017
|
16/06/2017
|
143
|
16h45
|
Autor principal
|
|
16/04/2018
|
28/09/2018
|
143
|
16h45
|
Autor principal
|
|
16/09/2019
|
21/02/2020
|
137
|
15h15
|
Autor principal
|
|
06/04/2020
|
04/09/2020
|
131
|
16h45
|
Autor principal
|
|
25/03/2024
|
Em exibição
|
|
15h30
|
Autor principal
|
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