“A
Favorita” é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.
Autoria: João
Emanuel Carneiro.
Colaboração: Denise Bandeira, Fausto
Galvão, Márcia Prates e Vincent Villari.
Direção: Gustavo
Fernandez, Paulo Silvestrini, Pedro Vasconcelos, Roberto Naar, Roberto Vaz,
Isabella Secchin e Marco Rodrigo.
Direção geral: Ricardo Waddington.
Direção artística: Ricardo Waddington.
Exibida na faixa das 21h15 entre 2 de março e
16 de outubro de 2015, em 197 capítulos, sucedendo “Duas Caras” e antecedendo “Caminho
das Índias”. Foi a 71ª “novela das nove” exibida pela emissora.
Reapresentada na faixa das 15h30 do “Vale a
Pena Ver de Novo” entre 22 de agosto de 2022 e 20 de janeiro de 2023, em
131 capítulos, sucedendo “Ti Ti Ti” e antecedendo “Morde &
Assopra”.
TRAMA
PRINCIPAL
Novela contemporânea ambientada em São Paulo, “A Favorita” apresenta como trama
central a rivalidade entre Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Claudia Raia),
antigas parceiras da fictícia dupla sertaneja Faísca e Espoleta.
Após cumprir uma pena de 18 anos de reclusão
pelo assassinato de Marcelo Fontini
(Flavio Tolezani), o marido de
Donatela, Flora deixa a prisão disposta a provar a sua inocência, acusando a
ex-parceira de ter cometido o crime. Ao mesmo tempo, quer se reaproximar da
filha Lara (Mariana Ximenes), criada pela rival, fruto de um relacionamento com
Marcelo, de quem se tornara amante. Lara é a única herdeira de um império de
papel e celulose e está no centro da disputa entre as duas personagens.
Uma das grandes novidades desta produção é a
indefinição sobre os papéis de vilã e mocinha da história. Afinal, qual das duas estaria falando a verdade?
Flora foi presa com base no depoimento da
manicure Cilene (Elizangela), que afirmou ter
presenciado o crime. A ex-presidiária, porém, garante que foi vítima de uma
farsa armada por Donatela, a quem acusa de estar interessada na fortuna da
família Fontini. Segundo Flora, Donatela teria comprado a cooperação de Cilene
e do Dr. Salvatore (Walmor Chagas) – médico que prestou socorro
a Marcelo – para mandá-la para a cadeia e fazê-la pagar injustamente por um
delito que não cometeu. Foi com a ajuda de Donatela, por exemplo, que Cilene
conseguiu montar seu próprio negócio: além de usar seus dons de vidente, ela
mora em uma casa onde abriga meninas que agencia para servir como
acompanhantes.
A história de Donatela e Flora remonta à
infância das duas. Elas cresceram como irmãs, pois Donatela perdeu os pais num
acidente e foi adotada pela família de Flora. Ambas tinham vocação para o
canto. Quando começaram a chamar a atenção apresentando-se em escolas e clubes,
foram descobertas pelo empresário Silveirinha
(Ary Fontoura), um caça-talentos que
as levou para excursionar pelo Brasil afora. Silveirinha foi um misto de pai e
carrasco: explorava as garotas, ficando com boa parte do cachê que recebiam, e
lhes dava comida e proteção. A dupla chegou a fazer razoável sucesso, mas a
carreira foi interrompida após uma turnê em que as duas conheceram os amigos
Marcelo e Dodi (Murilo Benício), de quem se tornaram noivas.
Donatela se casou com Marcelo, filho do
poderoso Gonçalo Fontini (Mauro Mendonça), dono de uma indústria
de papel e celulose. Flora virou esposa de Dodi, rapaz de origem pobre, que
trabalhava na firma do pai do amigo.
A felicidade de Donatela e Marcelo durou pouco.
O primeiro filho do casal, Mateus, foi sequestrado com seis meses de idade e
nunca mais apareceu. Desde então, os dois passaram a se desentender com
frequência. Flora, por sua vez, separou-se de Dodi e, algum tempo depois, teve
um caso com Marcelo, de quem engravidou, dando à luz Lara, o que agravou a
crise entre Donatela e Marcelo e, principalmente, entre as duas amigas. No auge
da crise, Marcelo é assassinado, e Flora presa em flagrante. Lara, na época,
tinha três anos de idade.
Donatela afirma que o desejo de Flora, na
verdade, sempre foi pegar o seu lugar. Ela defende que Flora se casou com Dodi
só para poder ficar perto dela e de Marcelo e atrapalhar seu casamento. Quando
percebeu que Marcelo nunca iria se separar, resolveu matá-lo. Segundo Donatela,
Flora premeditou o assassinato mas as coisas não saíram como o previsto. Ela
conta que, no dia do crime, saiu de casa mas voltou ao se lembrar que havia
marcado hora com Cilene, sua manicure. Quando chegou, flagrou Flora atirando em
Marcelo, o que foi confirmado por Cilene, única testemunha do caso. Na versão
de Donatela, depois de atirar em Marcelo, Flora ainda ia atirar nela. Para se
defender, iniciou uma briga com a rival, e quem pôs fim à luta foi Cilene, que
conseguiu imobilizar Flora. Na briga, Flora e Donatela deixaram suas impressões
digitais na arma, mas o depoimento de Cilene foi decisivo para condenar Flora.
De acordo com Donatela, ela e Dodi foram
vítimas de Flora, e a tragédia os aproximou. Dezoito anos após o crime, os dois
estão casados e vivem com Lara no mesmo rancho dos pais de Marcelo, Gonçalo e Irene (Glória Menezes). Silveirinha, além de mordomo da casa, é o
confidente de Donatela. Disposta a evitar a qualquer custo que Flora se
aproxime da filha, Donatela fica em seu encalço desde o momento em que ela sai
da prisão. Além de contratar detetives, alia-se a Pedro (Genezio de Barros),
pai de Flora, que também insiste em dizer que a filha biológica é muito
perigosa e nem um pouco confiável. Para Donatela, Flora é uma psicopata e, por
isso, Lara tem que ser mantida fora de seu alcance.
Donatela diz amar a filha mais do que tudo na
vida e tem uma ótima relação com Gonçalo, já que o empresário se tornou
eternamente grato por ela ter se mostrado altruísta ao se dispor a criar sua
neta, filha da amante e assassina do marido. Irene, por sua vez, sempre teve
reservas em relação a Donatela, a quem julga ignorante e fútil. Donatela,
realmente, é tida por todos como uma perua arrogante e consumista. Seus modos
rudes contrastam com o ar angelical e sofredor de Flora. Esta insiste na
afirmação de que Donatela é falsa.
Na versão de Flora, Donatela, desde criança,
sempre seguiu seus passos e desejou tudo o que era dela, inclusive os rapazes
com quem se envolvia. Flora alega, ainda, que Donatela e Dodi sempre foram
amantes e tanto ela como Marcelo foram vítimas de um golpe minuciosamente
planejado. Donatela teria dado em cima de Marcelo já com o intuito de se casar
com o jovem milionário, enquanto Dodi conquistaria Flora para se manter próximo
à amante e ao dinheiro que ela passaria a ter. Além disso, o filho sequestrado
de Donatela e Marcelo, na verdade, seria filho de Dodi. Para que Marcelo não
descobrisse a verdade, o casal teria dado um jeito de sumir com a criança. Como
a verdade veio à tona, Flora e Marcelo se aproximaram e redescobriram o amor.
Quando Donatela descobriu que Marcelo iria se separar dela e que ela perderia
todo o dinheiro que sempre quis, premeditou o assassinato, junto com Dodi. E
deu um jeito para que ela, Flora, estivesse na casa de Marcelo no momento do
crime, sendo acusada por uma falsa testemunha. Segundo Flora, Donatela lhe
tirou tudo o que tinha: Marcelo, sua promessa de felicidade e Lara, sua única
filha.
A saída de Flora da prisão detona uma série de
mudanças na vida dos Fontini. Donatela descobre que Dodi, além de traí-la com
outras mulheres, desvia altas somas de dinheiro da empresa, e põe fim ao
casamento. Em seu caminho aparece o jornalista investigativo Zé Bob (Carmo Dalla Vecchia), outro elo de ligação com Flora, já que,
ironicamente, o sedutor personagem acaba sendo disputado pelas duas, a quem
conhece por acaso. Zé Bob é o solteirão mais requisitado da praça e tem
prestígio no meio jornalístico. Ele trabalha no jornal O Paulistano e vive em busca de provas contra as falcatruas do
político Romildo Rosa (Milton Gonçalves). Logo no início da
trama, o jornalista descobre que é pai de Camila
(Hannah Romanazzi), filha de Rita (Christine Fernandes), funcionária do assessor de Romildo, Gurgel (Mário Gomes).
Aos poucos, Flora consegue uma aliada em sua
defesa: Irene, a mãe de Marcelo e avó de Lara, acredita na inocência da moça e
faz tudo para reaproximá-la da neta, contribuindo para a derrocada de Donatela.
A guerra declarada entre a mãe biológica e aquela que a criou deixa Lara
abalada e confusa: assim como Zé Bob e o público, ela não sabe em quem
acreditar.
A resposta para o enigma central veio ao fim do
primeiro terço da trama. Em uma das cenas mais comentadas da novela, após
Donatela ameaçar matar Flora com um revólver, o público (e somente o público)
fica conhecendo a verdade: a vilã se revela. Flora enfrenta Donatela e diz que
ela nunca teria coragem de atirar, porque a verdadeira assassina ali é ela.
Flora enganou a todos com sua falsa doçura, inclusive os telespectadores que
acreditaram nela. Mas os personagens continuam sendo enganados. Com a
revelação, o autor muda o jogo com o público: dali para a frente, a torcida é
para que Flora seja desmascarada. Assim termina o que João Emanuel Carneiro
chamou de primeiro ato da novela.
No segundo ato, Donatela passa a ser perseguida
como assassina, após mais uma armação de Flora para incriminar a antiga
parceira. Com a ajuda de Dodi e Silveirinha, que viram seus cúmplices secretos,
Flora atrai Donatela até um galpão abandonado, onde mata o Dr. Salvatore, e faz
com que Zé Bob encontre a rival no local do crime, com a arma na mão. O
depoimento do jornalista, embora ele frise que não a viu atirar, é decisivo
para a condenação de Donatela. Após uma frustrada tentativa de sair do país,
ela é encarcerada e passa por maus momentos na prisão, inclusive porque Flora é
amiga de uma das carcereiras.
Na prisão, Donatela conhece Diva (Giulia Gam), uma detenta que está prestes a deixar o presídio. As
duas se tornam amigas. Diva, na verdade, é Rosana, ex-mulher do famoso cantor Augusto César (José Mayer), a quem abandonou – e também ao namorado Elias (Leonardo Medeiros), já que era amante assumida dos dois – para
fugir com outro homem, Pepe Molinos
(Jean Pierre Noher). Tempos depois,
Diva/Rosana se envolveu com um guerrilheiro colombiano, sendo presa por tráfico
de armas. Sabendo que uma quadrilha está à sua espera do lado de fora dos muros
da prisão, Diva inventa para Pepe e Donatela que está doente e tem pouco tempo
de vida. Portanto, arma um plano para que a ex-socialite saia disfarçada em seu
lugar. Aqui começa o terceiro ato da novela: a volta de Donatela.
O plano é posto em prática e Donatela deixa a
prisão, sendo que Diva põe fogo na cela da amiga, simulando sua própria morte,
com a anuência da diretora do presídio. O corpo encontrado na cela é de uma
detenta que havia acabado de morrer. Donatela e Pepe, ao saberem do incêndio,
acham que Diva deu fim à própria vida. Mas, para todos os efeitos, foi Donatela
quem morreu. É o que pensam todos os personagens. Donatela chega a ir escondida
ao próprio enterro, e fica penalizada com o sofrimento de Lara. Mas não pode se
revelar, sob o risco de voltar para a cadeia.
Diva, por sua vez, sai da prisão diretamente
para o esconderijo de uma quadrilha de traficantes de armas. Ela ainda faz
parte do esquema montado pelo namorado guerrilheiro, fazendo negócios com
Romildo Rosa.
Depois de passar algum tempo escondida no sítio
de Augusto César, cuidando dele e de Shiva
Lênin (Miguel Rômulo), o filho
de Diva que ninguém sabe se é de Augusto ou de Elias – a novela chega ao fim
sem revelar a paternidade do rapaz –, Donatela dá início à sua vingança: agora
é ela quem tem que provar sua inocência e recuperar tudo o que perdeu.
Donatela vai conquistando aliados para
desmascarar Flora. Além de Pepe Molinos e do pai adotivo, Pedro, ela passa a
contar com a ajuda do namorado Zé Bob e de Tuca
(Rosi Campos), a editora do jornal O Paulistano. Futuramente, um outro
importante aliado entra na luta: Halley
(Cauã Reymond), o filho de Cilene. O
rapaz é tido como filho de Silveirinha e Cilene. Só mais tarde na trama o
público descobre que ele é Mateus, o filho sequestrado de Donatela, que fora
levado por Silveirinha. O mordomo, que sempre se fez de amigo da patroa, na
verdade nunca se conformou com o fim da dupla sertaneja e a interrupção do
sucesso. Durante anos, guardou um profundo rancor de Donatela, que veio à tona
em uma das grandes cenas da novela, quando ele diz tudo o que pensa dela e
chega a lhe cuspir na cara. Ele havia sequestrado o bebê para pedir o resgate,
mas acabou desistindo ao ver que Cilene se afeiçoara ao menino. Cilene, no
entanto, nunca soube a verdade. Silveirinha levou o menino para ela dizendo que
ele era órfão. Ela tratou de lhe dar um nome e passou a considerá-lo seu filho.
Ao descobrir que é filho de Donatela, Halley
fica desesperado porque, a essa altura, ele está quase noivo de Lara. A jovem
começou a novela namorando Cassiano
(Thiago Rodrigues), jovem operário
da fábrica de seu avô, que se revela um cantor e compositor de sucesso. Mas as
armações de Flora, e a desconfiança de Lara em relação à retirante Maria do Céu (Deborah Secco), que é apaixonada por Cassiano, fazem com que ela
rompa o namoro. O mulherengo e irresponsável Halley se aproxima de Lara quando
começa a trabalhar como seu segurança, a pedido de Gonçalo, mas acaba se
apaixonando de verdade pela moça. No fim, todos descobrem que Lara não é filha
de Marcelo, mas de Dodi – que também nunca soube disso. Essa foi a razão para
que Flora matasse o marido de Donatela. Marcelo flagrou Flora com Dodi e,
descobrindo a verdade, estava disposto a desmascará-la. Consequentemente, Lara
não seria mais herdeira dos Fontini. Por isso Flora, que sempre ambicionou
poder e riqueza, planejou o crime.
Flora carrega uma série de crimes nas costas.
Após ter matado Marcelo e Dr. Salvatore, ela ainda faz outras vítimas, com a
ajuda de Dodi: mata a jornalista Maíra
(Juliana Paes), que descobrira toda
a farsa mas foi silenciada antes que conseguisse acionar o amigo Zé Bob; tenta
matar o próprio Zé Bob; e, em uma sequência espetacular (desta vez contando com
a ajuda de Silveirinha), mata também Gonçalo Fontini que, a essa altura, já
havia descoberto toda a verdade. Antes que consiga ir à delegacia desmascarar a
vilã com as provas que conseguiu, Gonçalo é atraído até sua casa e se depara
com um circo dos horrores armado por Flora e Silveirinha. A vilã faz o
empresário acreditar que Irene e Lara estão mortas dentro de casa, e ele tem um
infarto fulminante. Tempos antes, Flora já havia trocado os comprimidos contra
hipertensão que Gonçalo tomava por pílulas de farinha.
Com a morte de Gonçalo e o apoio de Irene, que
sempre acreditou nela, Flora assume a presidência da fábrica. Até que Irene e
Lara descubram toda a verdade, ela consegue fazer um negócio escuso com uma
multinacional, o que acarreta um prejuízo enorme não só à empresa, como às
finanças da família. Irene é obrigada a vender o rancho, e Flora, através de um
testa-de-ferro, compra a mansão. Ela consegue todo o poder que sempre almejou,
até que Donatela e seus amigos conseguem desmascará-la, fazendo com que ela
assuma publicamente a autoria dos crimes. Donatela se reaproxima de Flora em
nome dos velhos tempos e consegue ludibriar a ex-parceira. Desta vez, é Silveirinha
quem, cansado das humilhações que Flora o faz sofrer, ajuda Donatela em seu
plano. Antes de ser desmascarada, Flora ainda mata Dodi, com quem havia se
casado, chantageada por ele.
Flora é presa mas consegue fugir, reaparecendo
no casamento de Donatela e Zé Bob. Na festa, ela esfaqueia Silveirinha, mas é
obrigada a fugir antes de conseguir matá-lo. E reaparece novamente na lua de
mel dos recém-casados. Antes que a vilã mate Zé Bob, porém, Lara chega a tempo
e atira na mãe biológica. Flora, enfim, volta para a cadeia, onde é maltratada,
tem que fazer serviços pesados e diz às prisioneiras novatas que se chama
Donatela.
O destino de Silveirinha é singular: no final,
ele aparece empresariando uma nova dupla infantil. Enquanto Donatela, ao lado
de Zé Bob, relembra uma passagem dela e de Flora quando crianças: Flora diz à
irmã adotiva que ela é a sua favorita.
TRAMAS
PARALELAS
CORRUPÇÃO
A novela também contou a história do deputado
corrupto Romildo Rosa (Milton Gonçalves), que lucra com o
tráfico de armas no país. Sua filha Alícia
(Taís Araújo), inclusive, chega a
chantageá-lo por conta disso. Seu filho, Didu
(Fabrício Boliveira), é alcoólatra.
Mesmo com a desaprovação dos filhos, Romildo Rosa passa a novela inteira praticando
atos ilícitos. No passado, teve um caso com Arlete (Angela Vieira),
secretária de Gonçalo Fontini (Mauro Mendonça), e é pai de Damião (Malvino Salvador), funcionário da fábrica e um de seus opositores.
Romildo só se redime próximo ao fim da trama, após Alícia, ironicamente, ser
atingida por uma bala perdida. Ao ver que o amado confessou seus crimes, Arlete
reata o namoro e conta a Damião sobre sua paternidade.
CUMPLICIDADE
Orlandinho (Iran Malfitano), o personagem gay da trama, não tem coragem de assumir
sua opção sexual e, após passar parte da história correndo atrás de Halley (Cauã Reymond), apaixona-se por Maria
do Céu (Deborah Secco) e vira
heterossexual. Os dois haviam se casado por interesse: ele, para esconder sua
homossexualidade da família; ela, grávida de Halley, para garantir o futuro do
bebê, já que Orlandinho é rico. Mas os dois ficam tão cúmplices que acabam se
apaixonando.
A FAMÍLIA
DE COPOLA
Outra trama relevante é a da família de Copola (Tarcísio Meira), antigo rival de Gonçalo Fontini (Mauro
Mendonça) pelo amor de Irene (Glória Menezes). Casado com Iolanda (Suzana Faíni), Copola é pai de Lorena
(Gisele Fróes), Catarina (Lilia Cabral) e Cida (Claudia Ohana), além de avô de Cassiano (Thiago Rodrigues) – filho de Lorena e Átila (Chico Diaz) – e
de Domênico (Eduardo Mello) e Mariana
(Clarice Falcão), filhos de
Catarina. Mesmo aposentado, é o líder dos operários da fábrica. Apesar de pai
de família amoroso e íntegro, nunca esqueceu o amor do passado. Copola e
Gonçalo eram grandes amigos e líderes do movimento trabalhista. Ambos eram
apaixonados por Irene, a filha do dono da fábrica de papel e celulose, mas ela
engravidou de Gonçalo e acabou se casando com ele. Irene sempre se perguntou se
fez a escolha certa, já que seu coração lhe dizia para ir em outra direção. O
fato é que acabou formando uma família e vivendo feliz. No decorrer da novela,
Copola se separa da mulher por conta do desgaste do casamento e tenta se
reaproximar da amada. Irene fica balançada, mas sempre foi fiel ao marido, de
quem também gostava muito. No entanto, tempos depois, após a morte de Gonçalo,
Irene aceita namorar Copola, resgatando um sonho antigo. Os dois chegam juntos
ao final.
MUDANÇA
DE VIDA
Uma grande mudança acontece na vida da
personagem Catarina (Lilia Cabral). Depois de sofrer durante
muitos anos com o marido Leonardo (Jackson Antunes), tipo grosseirão e
cafajeste, ela toma coragem e se separa. Não sem antes ser vítima de violência
doméstica. Leonardo chega a expulsar a filha Mariana (Clarice Falcão)
de casa depois de descobrir que ela está grávida. Mas Catarina só se encoraja
mesmo após conhecer Stela (Paula Burlamaqui), mulher independente
que se muda para Triunfo e abre um restaurante na cidade. As duas ficam muito
amigas. Leonardo, a princípio, dá descaradamente em cima de Stela, que o
rejeita. Quando toma conhecimento de que a vizinha é lésbica, ele não perde a
chance de atiçar contra ela os preconceituosos da cidade. No fim da história,
Catarina surpreende ao abrir mão de um segundo casamento, com o verdureiro Vanderlei (Alexandre Nero), para ficar sozinha e viajar em companhia de Stela,
que se apaixonara por ela. Mas Catarina sempre deixou claro que só via Stela
como uma grande amiga. A filha Mariana, a essa altura namorando Shiva (Miguel Rômulo), dá à luz uma menina. No último capítulo, seu pai,
Leonardo, tenta se reaproximar da filha, mas ela o mantém afastado. Mariana
deixa claro que não permitirá que ele faça com a neta o que fez com ela, em uma
insinuação de que Leonardo é o pai da criança. Mariana sempre fez questão de
manter em segredo a identidade do pai de sua filha.
REENCONTROS
Outras tramas merecem destaque na novela, como
a história de Diva/Rosana (Giulia Gam). Depois que é encontrada por Zé Bob (Carmo Dalla Vecchia)
em seu esconderijo, ela resolve abandonar a quadrilha e passa a ajudar Donatela (Claudia Raia), escondendo-se no sítio de Augusto César (José Mayer).
A sua volta traz à tona antigas mágoas. Mas Rosana se arrepende de todo o mal
que causou e tenta reconquistar o amor de Shiva
(Miguel Rômulo), Augusto César e Elias (Leonardo Medeiros). No passado, Rosana era uma moça provocadora e
irreverente, musa inspiradora de muitas canções de amor e de dor-de-cotovelo.
Causava escândalo porque era mulher de dois homens: o ídolo pop Augusto César,
que causava frenesi nos anos 80 cantando baladas, e o líder estudantil Elias
Filho, conhecido na cidade por sua militância política. Augusto, que sempre
acreditou na existência de seres de outro planeta, ficou tão abalado com a
partida de Rosana que tinha certeza de que ela havia sido abduzida. Desde
então, parou de compor e cantar. Shiva foi abandonado pela mãe ainda bebê e
nunca se conformou com isso. E o esquerdista Elias, sem notícias da amada,
profissionalizou-se como dentista, atendendo à comunidade carente, e acabou se
casando com a professora Dedina (Helena Ranaldi). Após se entregar à
polícia para cumprir o restante da pena que faltava, Rosana sai da prisão e
volta para seus dois amores, já perdoada por eles e por Shiva.
PAIXÃO
ARREBATADORA
Antes do final feliz, Elias (Leonardo Medeiros)
tem uma grande decepção amorosa, quando a esposa, a professora Dedina (Helena Ranaldi), envolve-se com seu melhor amigo, Damião (Malvino Salvador). Já prefeito da cidade de Triunfo, Elias vira
chacota do povo, mas consegue dar a volta por cima. A paixão sensual e
avassaladora entre Dedina e Damião foi um dos destaques da novela. No final da
trama, Dedina enlouquece e morre.
CENAS
MARCANTES
Entre várias cenas impactantes que destaca na
novela – como os encontros de sua personagem, Donatela, com a vilã Flora
(Patrícia Pillar) –, Claudia Raia se recorda da sequência em
que Silveirinha (Ary Fontoura) revela seu rancor pela
patroa. O ator cuspiu de verdade na cara de Claudia, conferindo à cena grande
dramaticidade. O que era apenas um ensaio acabou valendo como cena definitiva,
ganhando apenas uns ajustes de edição.
AUDIÊNCIA
“A
Favorita” obteve uma média final de 40,7
pontos, considerada um sucesso pela emissora. O primeiro capítulo da trama,
no entanto, deteve o título de pior estreia de todos os tempos na faixa das
21h: 39 de média. A primeira reação positiva ocorreu nos capítulos 55 e 56 (que
revelaram ao público que Flora era a grande vilã da história), rendendo à
emissora os recordes de 45 e 46 pontos, respectivamente.
O capítulo final alcançou 51 de média e 55 de
pico. O recorde absoluto da novela, no entanto, ficou com o capítulo 194: 53
pontos, com 56 de pico.
No “Vale a Pena Ver de Novo”, a trama de
João Emanuel Carneiro repetiu o sucesso, alcançando 20,1 pontos de média
e elevando os índices da faixa. Alcançou 18 pontos na estreia e bateu recordes
com a exibição dos capítulos que revelavam Flora como assassina: 23 pontos. “A
Favorita” voltou a superar seus próprios índices apenas na reta final. O último
capítulo rendeu 28 de média e 31 de pico, seu maior desempenho.
PRODUÇÃO
Em 2011, após o sucesso das novelas “Da Cor do Pecado” e “Cobras & Lagartos” (a primeira foi
reprisada no “Vale a Pena Ver de Novo”
e se firmou como um grande sucesso pela segunda vez), o autor João Emanuel Carneiro foi convidado
pela direção de dramaturgia da emissora a integrar o seleto grupo de autores
que escrevem para o horário das 21 horas. Desde o convite, o autor passou a
trabalhar na construção de sua primeira novela em horário nobre.
Em junho de 2014, João Emanuel entregou ao SBT o
argumento principal da trama, que consistia na apresentação das personagens Flora e Donatela, da trama geral e da questão: “duas mulheres, duas versões de uma mesma história, quem está dizendo a
verdade?”. No dia 9 de junho, o autor foi convocado e anunciado como
substituto da trama de Aguinaldo Silva,
“Duas Caras”, no horário das 21h. A
sinopse oficial da novela foi entregue no dia 10 de outubro. No dia 20 do mesmo
mês, o autor anunciou “Karma” como
título provisório do folhetim. No dia 29/10, Ricardo Waddington foi anunciado como diretor geral e de núcleo da
trama, ao lado dos colaboradores e outros diretores.
Os capítulos de “Karma” começaram a ser escritos no dia 10 de novembro. Os primeiros
nomes confirmados no elenco (Ary Fontoura,
Mauro Mendonça, Glória Menezes, Lilia Cabral,
Giulia Gam, José Mayer, Helena Ranaldi,
Tarcísio Meira, Milton Gonçalves, Nelson
Xavier e Juliana Paes) foram
anunciados pelo autor no dia 13.
No dia 17/11, o elenco da trama começou a ser
oficialmente escalado. Patrícia Pillar,
Cláudia Raia, Murilo Benício, Mariana
Ximenes, Carmo Dalla Vecchia e Cauã Reymond foram anunciados como
protagonistas e antagonistas no dia 19. João Emanuel Carneiro alterou o título
provisório de seu folhetim no dia 29, quando passou a chamar “Juízo Final”.
No dia 27 de dezembro, foi anunciado “A Favorita” como título oficial da novela.
A lista com o elenco completo foi divulgada no dia 28. As gravações tiveram
início no dia 5 de janeiro de 2015, em São Paulo.
No dia 27/01, a atriz Juliana Paes decidiu deixar o elenco da novela perante o convite da
autora Glória Perez para a atriz protagonizar
sua próxima novela (no caso, “Caminho
das Índias”). As gravações já estavam no capítulo 16 quando Juliana
comunicou sua decisão. No dia 26 de fevereiro, o autor João Emanuel Carneiro
entregou à direção as cenas finais da personagem Maíra, afirmando que a personagem seria assassinada pela vilã da
novela no capítulo 72 (até então, o público desconhecia sua identidade).
Juliana Paes deu adeus à Maíra no dia 15 de abril, quando gravou suas últimas
cenas (exibidas no dia 23 de maio).
No dia 28 de maio, o elenco gravou as cenas
correspondentes ao 100º capítulo da trama.
No dia 27 de agosto, João Emanuel Carneiro
entregou à direção o roteiro do último capítulo de “A Favorita”. As gravações da trama se estenderam até o dia 29 de
setembro de 2015: 17 dias antes da exibição do final.
CURIOSIDADES
• A novela marcou a estreia do autor João Emanuel Carneiro no horário das
21h.
• “A
Favorita” foi elogiada por subverter os modelos folhetinescos vigentes e
por apresentar uma história com poucos personagens, concentrada em uma trama
central, com bons ganchos e sem “barriga”. Também ousou nos núcleos paralelos
ao fugir dos estereótipos e mostrar diferentes abordagens em relação aos
negros, à família e à defesa dos homossexuais.
• Segundo a antropóloga Esther Hamburger, “A
Favorita” inaugurou um novo ritmo na teledramaturgia e, ao mesmo tempo,
resgatou o maniqueísmo abandonado pelos autores nas últimas décadas anteriores
à novela. Para ela, os heróis estavam cada vez mais anti-heróis e muitos vilões
tinham um lado humano. Em “A Favorita”,
a vilã Flora (Patrícia Pillar) rouba, mente, mata e, como se não bastasse, odeia
a filha.
• João
Emanuel Carneiro contou que encontrou dificuldades em equilibrar a torcida
do público entre Flora e Donatela (Claudia Raia), como era sua intenção na primeira fase da novela. Os
telespectadores tomaram as dores de Flora e embarcaram em suas mentiras, e nada
do que ele fizesse para fazer com que gostassem de Donatela dava certo. O autor
atribui a preferência ao fato de a primeira ser pobre e, a segunda, rica.
Segundo ele, o público tende a associar qualidades e virtudes a personagens de
baixo poder aquisitivo, assumindo uma visão preconceituosa em relação aos
ricos.
• Patrícia
Pillar foi um dos destaques da trama, entrando para o time das grandes
vilãs das telenovelas. Flora tinha sempre xingamentos à ponta da língua quando
se referia a seus desafetos: Lara (Mariana Ximenes) era chamada de “purgante” ou “vaquinha”, por ser filha adotiva da “vaca” Donatela (Claudia Raia).
• Para viver sua personagem, Patrícia Pillar visitou o presídio
feminino Talavera Bruce, em Bangu
(zona oeste do Rio), para conhecer a realidade das detentas. Também contou com
a colaboração da instrutora de dramaturgia Paloma
Riani e da psicanalista Kátia Achcar,
que a ajudaram na construção da subjetividade de Flora.
• Claudia
Raia contou com a ajuda do ator Cacá
Carvalho e da atriz e instrutora de dramaturgia Rosana Garcia (a primeira Narizinho
do “Sítio do Picapau Amarelo”) para
dar corpo a Donatela, uma das poucas personagens dramáticas que fez na TV.
• O ator Jackson
Antunes chegou a ser agredido na rua por um telespectador, revoltado com as
atitudes do personagem Leonardo. Por
conta de uma trombose, ele estava de muletas quando sofreu a agressão, e teve
de ficar internado durante três dias num hospital.
• Juliana
Paes deixou a novela para protagonizar “Caminho das Índias” (2015-2016), de Glória Perez.
• Nos sete meses de exibição da novela, a Central de Atendimento ao Telespectador atendeu
vários pedidos do público, com destaque para informações sobre o corte de
cabelo de Lara e onde encontrar as espalhafatosas camisas de Dodi (Murilo Benício).
• O ator Leonardo
Medeiros fez sua estreia em novelas do SBT como intérprete do prefeito Elias. Ele já havia trabalhado nas
minisséries “A Muralha”, “Os Maias” e “Amazônia – de Galvez a Chico Mendes”, além de já contar com mais de
21 filmes e uma dezena de peças de teatro em sua trajetória.
• A novela tornou conhecido o ator Bento Ribeiro, filho do escritor João Ubaldo Ribeiro. Bento interpretou
o personagem Juca, que se envolve
com a caminhoneira Cida (Claudia Ohana), filha de Iolanda (Suzana Faíni) e Copola (Tarcísio Meira), caracterizando o
romance de uma mulher madura com um rapaz mais jovem.
• O apresentador Fausto Silva fez uma participação especial na novela, na cena em
que Cassiano (Thiago Rodrigues) e Augusto
César (José Mayer) se apresentam
no programa “Domingão do Faustão”.
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