quarta-feira, 22 de março de 2017

GUERRA DOS SEXOS | “Um dos meus melhores trabalhos”, diz Sílvio de Abreu

Sílvio de Abreu está de volta com a responsabilidade de “recriar” um grande sucesso que há 30 anos se mantém intacto e guardado na memória dos telespectadores: “Guerra dos Sexos”. “É um dos meus melhores trabalhos”, contou o autor em entrevista para o site.

Responsável pela supervisão de texto da trama, que está sendo escrito pelo autor estreante Daniel Ortiz, Sílvio confessa: “Não imaginei que fosse dar tanto trabalho”. Apesar disso, o autor fez questão de acompanhar as primeiras cenas da novela e visitou o elenco em gravações externas e no estúdio. Embora esteja dedicando seu tempo para a escrita de “Passione”, atual novela das 21h, o autor garante estar presente para Daniel Ortiz e supervisiona com olhar minucioso o que o jovem autor recria para a nova versão. Leia abaixo a entrevista completa:

Por que, entre tantas obras de sua autoria, escolheu justamente “Guerra dos Sexos”?
Sílvio de Abreu“Não escolhi ‘Guerra dos Sexos’ entre todas as minhas novelas, as circunstâncias me levaram a imaginar o remake. Mas poderia tê-la escolhido, porque é um dos meus melhores trabalhos, tem uma importância histórica na televisão, mudou a maneira sisuda com que se fazia novela até então e é uma trama sempre atual, porque as mulheres conseguiram o seu lugar na sociedade, mas a guerra entre os sexos é eterna”.

Como se sente em supervisionar e reescrever uma obra que fez tanto sucesso? O desafio fica maior?
SA“Tenho gostado muito da empreitada e me sinto muito bem trabalhando novamente com este material, só não imaginei que fosse dar tanto trabalho. Não tinha ideia do quanto o país, o mundo, os relacionamentos, as palavras, as gírias, a maneira de encarar os problemas e mais um mundo de coisas mudaram nesses trinta anos. Vivendo o dia-a-dia, vamos nos adaptando a tudo e não sentimos tanto essas transformações, mas se nos aprofundarmos o choque é inevitável.”

Qual foi a principal mudança nessa releitura? Fez algo específico para atrair o público da geração que não assistiu à primeira versão?
SA “É evidente que adaptações ao celular, computadores, redes sociais etc fazem parte da modernização, mas estes são apenas aspectos externos. As mudanças principais são no todo, porque os diálogos foram reescritos pelo Daniel Ortiz para não soarem datados. Os personagens, embora tenham os mesmos nomes da antiga versão, estão sendo elaborados agora com os novos intérpretes em mente, porque uma das minhas características como autor é escrever sempre para os atores. Acho que a trama não vai precisar de nenhuma adaptação para agradar aos mais jovens porque ela é universal, anárquica e desde o seu nascimento já era jovem e até revolucionária”.

Por que decidiu criar novos Otávio e Charlô em vez de manter os mesmos interpretados por Fernanda Montenegro e Paulo Autran?
SA“Porque não são os mesmos personagens, embora tenham características parecidas e muitas ações idênticas. Não queria que a novela fosse apenas uma regravação e não acho justo que atores do quilate de Tony Ramos e Irene Ravache se limitem a fazer o que já foi feito. Aliás, Fernanda Montenegro e Paulo Autran estarão na novela em flash-backs para lembrar sempre aos telespectadores que Otávio e Charlô, na versão 2017, apesar de seus herdeiros, são personagens distintos”.

Como você enxerga a sociedade atual comparada com a dos anos 1980 em relação ao confronto entre os sexos? Há muita diferença? Isso o influenciou na releitura?
SA“Em 1988, a mulher lutava para se impor como uma profissional na sociedade, hoje ela já ocupou o maior cargo do país, a Presidência da República. O homem, há trinta anos, menosprezava a capacidade feminina de gerir negócios e, hoje, muitos deles têm chefes femininas. Naquela época, a mulher ainda brigava consigo mesma, dividida entre o lar e a profissão. O homem hoje não sabe direito como lidar com essa mulher que é competitiva, atrevida, sem barreiras sexuais, que toma iniciativas antes inimagináveis para elas. Tudo isso me influenciou na reconstrução da novela, que cada vez mais reluto em chamar de remake. Alguns desses aspectos serão abordados, outros não, mesmo porque os nossos protagonistas masculinos, Otávio e Felipe, continuam muito retrógrados. Mas não esperem uma novela que seja um tratado de ciências sociais ou que vá discutir com profundidade a relação entre os seres humanos, não tenho essas pretensões. ‘Guerra dos Sexos’ é uma comédia, escrita com o único objetivo de ser um grande entretenimento.”

O público pode esperar novos desfechos para os personagens?
SA“Claro que sim. Já disse que sou fiel às minhas sinopses quando elas narram uma trama policial, porque qualquer mudança pode ser fatal para a coerência da história. Mas quando não estou preso a isso, levo a novela ao sabor do que acontece nos relacionamentos amorosos e no carisma de cada casal.”

Além da primeira versão, Jorge Fernando também já dirigiu outras obras suas. O que você destaca dessa parceria?
SA“Jorge Fernando, além de um diretor mais do que criativo, é um profissional impecável e um grande amigo. Esta será a nossa oitava parceria, só em novelas, e está sendo prazerosa como todas as outras. Confio cegamente no seu trabalho, como sei que ele confia no meu. Estou particularmente feliz de voltarmos a trabalhar juntos, depois de um afastamento de dez anos. Embora estivéssemos separados profissionalmente, a nossa amizade perdurou e a minha admiração pelo seu talento só cresceu.”

Como é a sua rotina de trabalho com Daniel Ortiz e como você fez a escolha para ele reescrever esta nova versão?
SA “Já conheço o Daniel Ortiz há muito tempo e fora do trabalho. Quando comecei ‘Passione’, ele integrou a equipe de colaboradores da novela e prestei atenção no seu trabalho. Em seguida, surgiu a chance de emplacar este remake às 19h. Não tem como eu escrever duas novelas ao mesmo tempo. Só de reestruturar ‘Guerra dos Sexos’ já me deu um trabalho e tanto com ‘Passione’, então o convidei para escrever e ele, prontamente, aceitou. Quando termino de escrever ‘Passione,’ todos os dias por volta das 19h, eu já pego o material de ‘Guerra’ e escrevo pelas próximas duas horas, sem parar, a escaleta dos capítulos. Envio pra ele e ele escreve as cenas e monta o capítulo final. No fim de semana, eu leio tudo atentamente, faço correções e dou instruções”.

Qual será a duração da novela?
SA“Estamos planejando ter a mesma duração da versão original, que foram 185 capítulos. Deve ficar no ar até o fim de outubro”.

Continue ligado! “Guerra dos Sexos” estreia nesta segunda-feira, 27 de março.

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