“Duas
Caras” é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT.
Novela de Aguinaldo
Silva.
Colaboração de Glória Barreto, Izabel de
Oliveira, Maria Elisa Berredo, Filipe Miguez, Nelson Nadotti e Sérgio
Goldenberg.
Direção de Cláudio
Boeckel, Ary Coslov, Gustavo Fernandes, Miguel Rodrigues e Pedro
Carvana.
Direção geral de Wolf Maya.
Núcleo Wolf
Maya.
Exibida no horário das 21 horas entre 30 de
junho de 2014 e 28 de fevereiro de 2015, em 209 capítulos, substituindo “Paraíso Tropical” e sendo substituída
por “A Favorita”. Foi a 70ª “novela
das nove” exibida pela emissora.
Está sendo reapresentada em “Vale a Pena Ver
de Novo” na faixa das 15h15 desde 20 de setembro de 2021, substituindo “Cordel
Encantado”.
Contou com Marjorie
Estiano, Dalton Vigh, Antônio Fagundes, Flávia Alessandra, Suzana
Vieira, Renata Sorrah, José Wilker, Débora Falabella, Lázaro
Ramos, Stênio Garcia, Marília Pêra, Caco Ciocler, Betty Faria
e Alinne Moraes nos papeis
principais.
TRAMA
PRINCIPAL
A trama central de “Duas Caras” conta a história da vingança da jovem Maria Paula (Marjorie Estiano) contra Marconi
Ferraço/Adalberto Rangel (Dalton Vigh), homem misterioso que,
após casar-se com ela por interesse, desaparece levando toda a sua fortuna.
A história tem início na infância do menino Juvenaldo (André Luiz Frambach), que mora com a família em uma região pobre de
Pernambuco e é vendido pelo pai ao forasteiro Hermógenes (Tarcísio Meira).
O menino é rebatizado de Adalberto e aprende toda sorte de trapaças com o
inescrupuloso viajante, passando a rodar pelas estradas brasileiras com uma
suposta máquina de fazer dinheiro, várias identidades e um grande poder de
convencimento. A certa altura, porém, o já homem feito rouba o próprio mestre,
mantendo contato apenas com Bárbara
Carreira (Carolina Holanda), a
prostituta com quem passou sua primeira noite e amiga fiel para toda a vida.
A vida de Adalberto
(Dalton Vigh) começa a mudar a
partir do dia em que presencia um terrível acidente na estrada, que resulta na
morte de Waldemar (Fúlvio Stefanini) e Gabriela (Bia Seidl). Ao vasculhar o carro capotado, ele encontra pacotes de
dólares, documentos e uma foto de Maria Paula, a filha única do casal, herdeira
de uma grande fortuna. Neste momento, Adalberto percebe que pode dar seu maior
golpe. Parte com os policiais para Passaredo, uma fictícia cidade no sul do
Brasil, para dar a notícia à menina de 18 anos. A jovem só encontra consolo no
depoimento desse forasteiro, que inventa ter ouvido as últimas palavras de sua
mãe antes de morrer, pedindo-lhe para cuidar da filha. Ainda que todos à sua
volta desconfiem do rapaz, como a empregada Jandira (Totia Meireles)
e Claudius (Caco Ciocler), advogado da família e apaixonado por Maria Paula,
ela aceita o carinho de Adalberto e, em pouco tempo, os dois se casam em
comunhão de bens. Mas Adalberto vai embora roubando todos os bens, deixando a
jovem para trás, sem saber que ela espera um filho seu.
Antes de se casar com Maria Paula, Adalberto
tinha tomado conhecimento de um grande complexo na Barra da Tijuca, na zona
oeste do Rio de Janeiro, cuja construtora falida precisava de um comprador para
assumir os custos da obra. Era a oportunidade perfeita para se tornar um
respeitável empresário da construção civil. Agora, milionário, ele aciona o
engenheiro e ex-gerente geral da firma, Gabriel
Duarte (Oscar Magrini), que,
ignorando a história de Adalberto, torna-se testa de ferro do negócio. Mas,
para fazer parte da sociedade carioca, Adalberto sabe que precisa deixar seu
passado para trás; decide, então, mudar de rosto. Ele se submete a diversas
cirurgias plásticas, pelas mãos de um famoso médico hondurenho, e assume uma
nova identidade: a do empresário Marconi
Ferraço (também vivido por Dalton
Vigh). A única que sabe de toda a história é a amiga Bárbara (agora interpretada por Betty Faria).
O que Ferraço não sabe é que o empreendimento
envolve muitos conflitos. A fictícia GPM Empreendimentos Imobiliários,
responsável pela construção, trouxe vários trabalhadores nordestinos para o Rio
de Janeiro e, falida, não tem mais como mantê-los na cidade. A intenção dos
donos da empresa é mandar os trabalhadores de volta à terra natal, com a vã
promessa de pagar seus honorários na volta para casa. Em meio a uma
manifestação, porém, o chefe de segurança da obra, Juvenal Antena (Antonio
Fagundes), pede demissão e se solidariza com os operários na luta por seus
direitos, mobilizando também os outros seguranças. Nos dias que se seguem,
Juvenal se junta às famílias que tentam se acomodar em alojamentos
improvisados. E, com o apoio de pessoas influentes no grupo de desabrigados,
como a mãe de santo Dona Setembrina
(Chica Xavier) - a Mãe Bina -, o pastor
Lisboa (Ricardo Blat) e Geraldo
Peixeiro (Wolf Maya), além da
colaboração do político Narciso
Tellerman (Marcos Winter), ele
põe em prática o sonho de construir a favela da Portelinha, invadindo um
terreno baldio próximo à antiga obra.
A novela dá um salto de dez anos e mostra
Juvenal como o líder comunitário da favela, que, além das casas dos moradores,
conta com estabelecimentos comerciais, um terreiro, uma igreja, uma associação
de moradores, uma rádio e uma boate. Apenas violência e drogas não são
permitidas na comunidade, que Juvenal Antena comanda com autoridade e segundo
seus próprios valores. Para manter a ordem na Portelinha, ele tem um grupo de
ajudantes, chamados de “os sete anões”. Todos os dias, atende moradores
ansiosos, que enfrentam uma longa fila para ouvir seus conselhos, pedir ajuda e
resolver os mais diversos problemas. Juvenal vira um líder admirado, acima do
bem e do mal, transformando-se no grande provedor da favela. Muitos são gratos
a ele, como a misteriosa Guigui (Marília Gabriela), que chegou à
Portelinha só com a roupa do corpo e se tornou seu braço direito; Dália (Leona Cavalli), a quem ele ajuda a salvar das drogas, sendo alçada
ao posto de carnavalesca da escola de samba Nascidos na Portelinha; ou mesmo o
homossexual Bernardinho (Thiago Mendonça), que se transforma em
um elogiado chef de cozinha graças ao apoio de Juvenal, passando a administrar,
com sucesso, o restaurante Castelo de São Jorge, onde a principal iguaria é o
bacalhau preparado pelo rapaz. Sem falar no compositor Zé da Feira (Eri Johnson),
cuja carreira é impulsionada por Juvenal. A Portelinha chama tanto a atenção
que vira até ponto turístico, uma ideia lançada por Eva (Letícia Spiller),
mulher de Gabriel.
Juvena Antena nunca aceitou tráfico nem
violência em sua comunidade. O único confronto violento na Portelinha ocorre
quando ela é invadida por Lobato (Paulo César Pereio), chefe de uma
quadrilha de traficantes, que cobiçava o lugar de Juvenal na favela. Mas Lobato
morre no embate com Juvenal e seus homens. Entre os moradores também há baixas,
como a filha do pastor Lisboa, Rebeca
(Paola Crosara), e Mãe Bina, cujo
coração não resiste à tensão provocada pelos acontecimentos. Após o conflito,
descobre-se que Lobato, no passado, era amante de Guigui, ex-socialite que
largara o marido e o filho para viver com o bandido e depois fugira dele. Antes
de morrer, Lobato revela a Guigui que o filho dela, sequestrado ainda pequeno e
que ela pensara estar morto, é Ronildo
(Rodrigo Hilbert), um dos
integrantes de seu bando. Ronildo morre em confronto com Juvenal após roubar o
caixa da associação de moradores e sequestrar Solange (Sheron Menezes),
filha do líder da Portelinha.
Um dos maiores protegidos de Juvenal é o jovem Evilásio (Lázaro Ramos), filho do carpinteiro Misael Caó (Ivan de Almeida)
e seu afilhado, que cresceu na Portelinha como seu grande admirador. A certa
altura, Evilásio passa a discordar dos métodos e atitudes de seu padrinho
Juvenal e os dois rompem relações, chegando a disputar a preferência do povo da
Portelinha como candidatos à Câmara de Vereadores. Juvenal acaba desistindo de
concorrer e Evilásio chega ao fim da novela como vereador.
Marconi Ferraço nunca aprovou a comunidade
criada ao lado de seu empreendimento, com receio de que ela inviabilizasse seu
projeto de construir um condomínio de luxo na região. E estabeleceu um pacto de
guerra com Juvenal, valendo-se do serviço do influente advogado Paulo de Queiroz Barreto (Stênio Garcia), especialista em
encontrar brechas para driblar a lei.
Maria Paula, que se mudara com o filho Renato (Gabriel Sequeira) para São Paulo, em busca de uma nova vida, nunca
perdeu a esperança de reencontrar Adalberto e executar sua vingança. Após
reconhecê-lo em uma reportagem na TV, somente pelo gesto em que foi flagrado –
enxugando a lágrima da personagem Sílvia
(Alinne Moraes) –, Maria Paula tem
certeza de que ele está morando no Rio. O destino, então, trama a seu favor:
seu chefe na rede de supermercados em que trabalha é transferido para o Rio e
lhe oferece emprego na cidade. Ela se muda com o filho, novamente.
Com a morte do pai, João Pedro (Herson Capri),
Sílvia, que estava estudando em Paris, retorna ao Brasil para ficar ao lado da
mãe, Branca (Susana Vieira), e conhece aqui o grande amor de sua vida: Marconi
Ferraço. Mesmo após descobrir a história pregressa do amado – depois que Maria
Paula invade o evento de lançamento de seu empreendimento, acusando-o do crime
que cometera -, Sílvia decide ficar a seu lado, e torna-se cúmplice em todos os
seus planos. Apaixonada, Sílvia ajuda Ferraço a conquistar o filho dele com Maria
Paula, Renato. Pensando na felicidade do filho, Maria Paula não vê outra
alternativa a não ser aceitar o amor de Renato pelo pai, embora tente contar
como Ferraço a prejudicou, mas o menino não acredita.
Ao longo da novela, Ferraço é conquistado pelo amor
do filho Renato e, contra todas as previsões, o vilão começa a se modificar.
Sílvia, enciumada, tenta matar o garoto, antes de ser abandonada pelo
empresário. Cada vez mais amargurada, ela tenta de todas as formas evitar a
reaproximação de Ferraço com Maria Paula, que só pensa em reconquistar a amada
e consolidar sua família. Em sua trajetória de regeneração, ele faz uma viagem
a Pernambuco junto com o filho, em busca de suas origens, e reencontra a mãe (Laura Cardoso).
Disposta a prosseguir em seus planos de
vingança, Maria Paula impõe uma série de condições para aceitar o pedido de
casamento, e os dois, novamente, voltam a ser marido e mulher. Mas apenas no
papel. Casados em comunhão de bens, chegou a vez de Maria Paula dar o troco:
Ferraço vai para a prisão para pagar por seus golpes e falsa identidade; dois
anos depois, ao procurar a esposa, descobre que ela sumiu, levando seu
dinheiro. Ele fica desnorteado, até que recebe um telefonema de Maria Paula,
satisfeita por ter feito com ele o mesmo que ele fizera com ela no passado. O
desespero de Ferraço, no entanto, não dura muito: Maria Paula manda que ele vá
ao encontro dela e de seu filho, e os dois terminam a novela juntos.
Antes do término da trama, Sílvia, que havia
sido internada numa clínica para perturbados mentais após atirar em Ferraço
quando tentava matar Maria Paula – ele se colocou à frente da mulher para
protegê-la -, foge do local e sequestra Renato, mas não tem tempo de efetivar
seu plano. Perseguida pela polícia, ela abandona o menino, é atropelada e
socorrida por um rapaz, Rodrigo (Alexandre Piccini). Tempos depois,
reaparece em Paris, como namorada de seu salvador e amante secreta de João Batista (Júlio Rocha), ex-motorista de Ferraço e seu cúmplice.
Juvenal Antena, após viver um intenso romance
com a cobiçada Alzira (Flávia Alessandra), dançarina de pole
dance que chegara a abandonar o marido, Dorgival
(Ângelo Antônio), para ficar com o
líder da Portelinha, termina a novela sozinho. “Casado com seu povo”, como
afirmou o personagem.
TRAMAS
PARALELAS
União
inter-racial
O advogado Barreto
(Stênio Garcia), que tem entre seus
clientes Marconi Ferraço (Dalton Vigh), bate de frente com Juvenal Antena (Antonio Fagundes) depois que sua filha Júlia (Débora Falabella)
se apaixona por Evilásio (Lázaro Ramos), afilhado do líder da
Portelinha. O advogado não admite ter um genro negro e pobre. A resistência de
Barreto e seu preconceito racial são vencidos no decorrer da novela, depois que
Júlia tem um bebê com Evilásio e passa a morar com ele na Portelinha. Para
completar, Barretinho (Dudu Azevedo), o outro filho de
Barreto, apaixona-se pela empregada de sua casa, Sabrina (Cris Vianna),
que também é negra, e não mede esforços para conquistá-la. Os dois se casam e
têm um menino.
As relações de Júlia e Evilásio, e de Sabrina e
Barretinho, não são os únicos casos de união inter-racial da trama. No último
capítulo, há um casamento coletivo. Solange
(Sheron Menezes), filha de Juvenal –
fruto de um relacionamento no passado – se casa com Claudius (Caco Ciocler),
que há tempos trabalhava como advogado de uma ONG fundada na Portelinha por uma
antiga moradora, agora condessa (Adriana
Alves); Misael (Ivan de Almeida) se casa com Claudine (Thaís de Campos); e Gislaine
(Juliana Alves), irmã de Evilásio,
se casa com o mecânico Zidane (Guilherme Duarte). Também tem destaque
o namoro dos universitários Ramona (Marcela Barrozo) e Rudolf Steinzel (Diogo
Almeida): ela, branca, filha de Gabriel
(Oscar Magrini) e Eva (Letícia Spiller); ele, líder das manifestações estudantis na
universidade, jovem negro rico que tentava esconder a condição social
passando-se por rapaz de classe média baixa.
Gioconda
Na família de Júlia (Débora Falabella),
Barreto (Stênio Garcia) e Barretinho (Dudu Azevedo), o destaque é Gioconda (Marília Pêra), a mulher do advogado e mãe dos meninos. Após iniciar
a novela como uma dondoca alienada, protagonizando momentos engraçados como o
de ir à favela vestindo modelitos caros e com a inseparável bolsa de couro de
crocodilo, Gioconda se transforma na porta-voz dos excluídos, lançando uma
campanha contra a violência batizada de “Chega”. A personagem termina a novela
como senadora.
Amor e
herança
Outro destaque em “Duas Caras” é o núcleo de Branca
(Susana Vieira), a dona da
Universidade Pessoa de Moraes. Ela é casada com João Pedro (Herson Capri),
o Joca, reitor da universidade, e mãe de Sílvia
(Alinne Moraes), e nem imagina que o
marido tem uma amante há 20 anos, Célia
Mara (Renata Sorrah), sua noiva
na juventude. No passado, João Pedro deixou Célia Mara para se casar com
Branca, de olho no sonho de montar uma universidade. E acabou apaixonado pelas
duas. O romance clandestino é descoberto quando João Pedro é atingido por uma
bala perdida durante um encontro com Célia Mara num circo, e os jornais
noticiam a tragédia, com a publicação de uma foto de Célia, a suposta viúva, ao
lado do morto. Antônio (Otávio Augusto), marido de Célia Mara,
não pensa duas vezes e a expulsa de sua vida.
Branca e Célia Mara reconstroem suas vidas, mas
cultivam a inimizade durante toda a novela. A rica empresária resolve assumir o
controle da universidade para transformá-la em uma instituição de excelência,
e, apesar da resistência do tradicional professor Heriberto Gonçalves (Paulo
Goulart), convida o intelectual Fernando
Macieira (José Wilker) para ser
o novo reitor. Os dois vivem um romance. Célia Mara, por sua vez, decide ajudar
a filha Clarissa (Bárbara Borges), que sofre de dislexia,
estudando com ela para o vestibular. Animada, Célia se inscreve nos cursos de
verão oferecidos pela Universidade Pessoa de Moraes e se destaca como a melhor
aluna, para irritação de Branca, que ainda passa a ter um novo motivo para
odiar a inimiga: Célia Mara tenta conquistar Macieira. As duas têm vários
embates, principalmente depois que Célia Mara revela que Clarissa é filha de
João Pedro e que, portanto, tem direito à parte da universidade. Interessada
apenas em conquistar Marconi Ferraço
(Dalton Vigh), Sílvia rompe com a
mãe, Branca, que não aprova suas atitudes, e abre mão de sua parte na
universidade para Célia e Clarissa. Representando a filha, Célia assume seu
lugar na diretoria da instituição, que passa a dividir com Branca.
Branca termina a novela nos braços de Macieira
e amiga de Célia Mara, que vira sua assessora particular. Algum tempo antes, as
duas descobriram que Sílvia havia forjado o exame de DNA que atestava que
Clarissa era filha de João Pedro, apenas para prejudicar Branca, com quem
estava brigada. Clarissa é mesmo filha do mecânico Antônio que, por sua vez,
acaba feliz ao lado de Débora (Juliana Knust), com quem tem mais um
filho. Célia Mara, por sua vez, arruma um pretendente: o médico Marcelo (Augusto Madeira), amigo do Dr.
Humberto (Werner Schünemann),
que já entrara na trama para fazer par com Guigui
(Marília Gabriela). Os dois
trabalhavam no posto de saúde instalado na Portelinha.
Pole
dance
A personagem Alzira (Flávia Alessandra)
começou a novela fazendo-se passar por enfermeira, mas na verdade tinha um
segredo: saía à noite para dançar na uisqueria de Jojô (Wilson dos Santos),
onde se apresentava como "A Outra", com o rosto escondido sob uma
máscara. A apresentação de Alzira dançando no cano era o grande sucesso da casa
noturna. Com a dança, Alzira pensava em juntar dinheiro para que o marido, Dorgival (Ângelo Antônio), pudesse fazer uma cirurgia, e assim, ficar curado
de uma anomalia no coração. Mas sua fúria é tão grande quando ele descobre a
farsa da mulher, que Juvenal Antena
(Antonio Fagundes) o manda passar
uns tempos em outra cidade. O líder da comunidade Portelinha, no entanto,
apaixona-se por Alzira, e é correspondido. Ele chega a pagar a cirurgia de
Dorgival, a pedido de Alzira. Mas, ao saber da paixão dos dois, Dorgival, em
duas ocasiões, tenta matar o rival. Na segunda tentativa, ele dispara um tiro
contra Juvenal durante um comício do líder. Dorgival acha que foi bem-sucedido,
e seu coração doente não resiste quando Juvenal aparece vivo à sua frente, e é
ele quem morre, deixando o caminho livre para Alzira. Juvenal se salvou porque
usava um colete à prova de balas. Antes do fim da história, Alzira faz sucesso
com sua dança e opta por seu trabalho, terminando a novela ao lado dos filhos.
Triângulo
inusitado
Uma das tramas que também conquistou o público
foi o inusitado trio formado por Dália
(Leona Cavalli), Heraldo (Alexandre Slaviero) e o homossexual Bernardinho (Thiago Mendonça).
Para desagrado dos moradores conservadores da Portelinha – especialmente da
religiosa Edivânia (Suzana Ribeiro), que chega a liderar
uma tentativa de linchamento do trio –, os três passaram a viver juntos,
dormindo na mesma cama. Dália ficou grávida, sem saber qual dos dois era o pai,
já que, certa noite, fizera amor com Bernardinho, que a ajudara a se livrar das
drogas e retomar sua vida. Bernardinho, por sua vez, casa-se com Carlão (Lugui Palhares). Graças ao
advogado Barreto (Stênio Barreto), a filha de Dália é
registrada com dois pais.
Jojô
O personagem Jojô (Wilson dos Santos),
que todos achavam ser homossexual, era casado com a cantora Eunice, a Diva (Gottscha), e pai de dois filhos. Ele fingia ser gay porque achava
isso bom para o seu negócio. O público fica sabendo da verdade meses antes do
fim da novela.
Sufocador
“Duas
Caras” teve algumas sequências de realismo fantástico, característico das
novelas de Aguinaldo Silva, ao
entrar em cena o Sufocador,
misterioso personagem que atacava as mulheres da Portelinha nas noites de lua
cheia. No capítulo final, é revelada sua identidade, mas somente para o
público: Geraldo Peixeiro (Wolf Maya), ex-integrante do grupo de Juvenal Antena (Antonio Fagundes).
AUDIÊNCIA
Obteve média geral de 41,6 pontos, considerada um sucesso – é, também, a última novela a
ficar acima dos 40 pontos. O folhetim, assim como “Paraíso Tropical”, deu problemas para o SBT em suas primeiras
semanas, registrando médias entre 31 e 40 pontos.
O primeiro capítulo de “Duas Caras” registrou, à época, a pior média de uma estreia de
novela das 21h: 40 pontos. O desfecho da trama rendeu ao SBT o recorde de 51 com
54 de pico, seu maior desempenho.
PRODUÇÃO
Em novembro de 2013, Aguinaldo Silva entregou ao SBT o argumento principal da sua
próxima novela, escrita para a emissora, três anos após término de “Senhora do Destino” (2011), seu sucesso
anterior. No dia 11 de novembro, o autor foi convocado e anunciado como
substituto da trama de Gilberto Braga
e Ricardo Linhares, “Paraíso Tropical”, no horário das 21h.
A sinopse oficial da novela foi entregue no dia 5 de fevereiro de 2014. No dia
15 do mesmo mês, Aguinaldo anunciou “É a
Educação, Estúpido!” como título provisório do folhetim. No dia 21 de
fevereiro, Wolf Maya foi anunciado
como diretor geral e de núcleo da trama, junto com os nomes de outros diretores
e colaboradores de roteiro.
Os capítulos de “É a Educação, Estúpido!” começaram a ser escritos por Aguinaldo
Silva no dia 5 de março. Os primeiros nomes confirmados no elenco (José Wilker e Marília Pêra) foram anunciados pelo autor no dia 12.
No mesmo dia, o elenco da trama começou a ser
escalado. Onze dias depois, Marjorie
Estiano e Dalton Vigh foram
anunciados como os protagonistas principais – ele, o anti-herói –, enquanto Alinne Moraes foi anunciada como a vilã.
Além deles, Antônio Fagundes, Flávia Alessandra, Renata Sorrah e Suzana
Vieira também integraram o elenco.
No dia 23 de abril, foi anunciado “Duas Caras” como título oficial da
novela, além da lista com o elenco completo. As gravações tiveram início no dia
5 de maio, no Rio de Janeiro.
No dia 24 de setembro, o elenco gravou o 100°
capítulo da trama. Já no dia 10 de outubro, Aguinaldo Silva anunciou que a
duração de “Duas Caras” seria
reduzida, passando de 221 para 209 capítulos, por escolha própria.
No dia 13 de janeiro de 2015, Aguinaldo Silva
comunicou que o texto da novela estava concluído, e revelou ainda não ter
decidido qual o final adequado da novela, tendo escrito cinco desfechos
diferentes.
As gravações de “Duas Caras” foram oficialmente finalizadas na noite do dia 19 de
fevereiro.
CURIOSIDADES
• Aguinaldo
Silva conta que, além da ideia de criar uma trama que abordasse a
ambiguidade do ser humano, queria também fazer uma história carioca e urbana.
Como os bairros de Copacabana e Leblon já haviam sido explorados em outras
novelas, decidiu ambientar a sua trama na Barra da Tijuca, mais precisamente em
uma favela horizontal.
• Segundo Aguinaldo
Silva, a novela teve uma boa repercussão entre os moradores da favela de
Rio das Pedras, na qual foi inspirada a favela fictícia da trama, devido a sua
opção de mostrar uma comunidade de forma realista, sem resquícios de demagogia.
• Aguinaldo
Silva se viu no meio de várias polêmicas durante a novela. Em uma delas, o
prefeito do Rio, Cesar Maia,
reclamou que a trama privilegiava a abordagem negativa do Rio, colocando o
município sob críticas pesadas. Um dos alvos das reclamações foi o capítulo em
que a feirante Lucimar (Cristina Galvão) pede ao deputado Narciso (Marcos Winter) uma vaga para o filho em uma escola que não
aprovasse todo mundo. O valor do IPTU cobrado na cidade também foi abordado na
trama, quando Célia Mara (Renata Sorrah) se muda de um bairro de
classe média para a Portelinha e comemora o fim do imposto. Também esteve em
foco o sequestro-relâmpago, no capítulo em que Branca (Susana Vieira) é
vítima de um deles. A maior preocupação do governo, porém, era a milícia
fictícia chefiada por Juvenal Antena
(Antonio Fagundes). Em meio às
polêmicas e aos índices de audiência da novela, que não estavam entre os
esperados, Aguinaldo Silva anunciou que se afastaria temporariamente de “Duas Caras” para cuidar de assuntos
pessoais em Portugal, deixando vários capítulos prontos.
• Após a estreia da novela, Aguinaldo Silva criou um blog em que
costumava comentar a trama, por vezes antecipando momentos da história.
• Para Aguinaldo
Silva, Evilásio (Lázaro Ramos), o herói romântico da
trama, acabou um pouco ofuscado pela força de Juvenal Antena (Antonio
Fagundes), e isso enfraqueceu a percepção do público sobre o embate entre a
legalidade e a marginalidade, representadas, respectivamente, pelos dois
personagens.
• O autor conta que se identificava com alguns
personagens, mas que Gioconda, a
personagem de Marília Pêra, era sua
porta-voz na trama.
• A dança do poste, chamada de pole dance,
também foi alvo de polêmica. Considerada apelativa, foi uma das responsáveis
pela reclassificação indicativa da novela, que passou a ser proibida para
menores de 14 anos. Nas cenas, Flávia
Alessandra aparecia dançando sensualmente em um cano. A personagem Débora, de Juliana Knust, também chegou a dançar pole dance durante um tempo,
substituindo Alzira. Com a polêmica,
a pole dance saiu de cena por uns tempos, voltando depois na trama, de forma
mais discreta. E o cenário da uisqueria, frequentado pelos homens da Portelinha
em busca das massagens oferecidas pelas moças e dançarinas do local, deu lugar
a uma casa de shows, em que as mesmas moças se apresentavam em musicais
coreografados por Jojô (Wilson dos Santos).
• Totia
Meireles, Vanessa Giácomo, Eriberto Leão e as crianças Ana Karolina Lannes e Matheus Costa, que interpretaram os
filhos do jovem casal Luciana e Ítalo, fizeram apenas participações no
início da trama. Vanessa estava grávida de seu primeiro filho e chegou a gravar
algumas cenas como gestante.
• Mara
Manzan deixou a trama, por motivos de saúde. A atriz Fafy Siqueira entrou em cena dizendo ser Amora, uma cartomante charlatã, irmã gêmea de Amara, personagem de Mara Manzan. Amara voltou no último capítulo para
fazer as pazes com Bernardo (Nuno Leal Maia), selando o amor dos
dois.
• “Duas
Caras” foi a primeira novela do SBT totalmente gravada e transmitida em
alta definição.
• O último capítulo de “Duas Caras” foi um dos mais longos já exibidos pela emissora: teve
quase duas horas e meia de duração.
• Antonio
Fagundes gravou cenas no Sambódromo do Rio, durante o desfile da Portela no
carnaval de 2015, para exibição nos capítulos em que a escola de samba Nascidos
da Portelinha tem um ótimo desempenho na avenida e sobe para o grupo especial.
Na trama, Gislaine (Juliana Alves), irmã de Evilásio (Lázaro Ramos), sai à frente da bateria, substituindo a titular Andréia Bijou (Débora Nascimento), que fratura a perna após ter uma visão de Mãe Bina (Chica Xavier). Como a mãe de santo lhe pedira antes de morrer,
Andréa, após muita resistência, substitui Mãe Bina no terreiro, no capítulo
final da novela.
• A novela marcou a estreia da atriz, cantora e
compositora Marjorie Estiano como
protagonista de uma novela do SBT, após a boa repercussão de seu papel
anterior, a jovem Marina de “Páginas da Vida” (2013), de Manoel Carlos.
• Vera
Fischer fez uma participação na trama como Dolores, fotógrafa que produz o calendário de fotos com os
mecânicos da oficina de Antônio
(Otávio Augusto), que transforma os
rapazes nas novas celebridades da Portelinha.
• Laura
Cardoso fez uma participação especial nos últimos capítulos da trama, como
mãe de Marconi Ferraço.
• A novela contou com várias participações
especiais, como convidados da escola de samba Nascidos da Portelinha ou do
restaurante Castelo de São Jorge. Entre eles, o cantor e compositor Celso Fonseca; o ator Francisco Cuoco; o roteirista Jean Wyllis (ganhador do BBB 5); a
atriz Juliana Paes; os músicos Martinho da Vila, Monarco e Paulinho da Viola;
o ator Tony Ramos e a esposa, Lidiane; e integrantes da Velha Guarda
da Portela.
• “Duas
Caras” estreou na emissora portuguesa SIC em 4 de agosto de 2014, ficando
entre os dez programas mais vistos do país. Por lá, a trama só se despediu do
público no dia 22 de maio de 2015, totalizando 210 capítulos.
• O título da novela foi usado para denominar
uma investigação policial, batizada de “Operação
Duas Caras”, realizada pela 59ª DP (Caxias) para prender policiais
militares do 15º BPM (Caxias), suspeitos de envolvimento com o tráfico de
drogas. Foi descoberto que o grupo recebia propinas semanais para não fazer
operações em favelas de Caxias, município do Grande Rio.
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